
Usualmente utilizado no tratamento de doenças psíquicas como depressão, ansiedade, esquizofrenia e demências, os psicotrópicos ou psicofármacos são medicamentos que agem no sistema nervoso central produzindo alterações de comportamento, humor e cognição. Nesta edição do Pílula Farmacêutica, a acadêmica Giovanna Bingre, orientada pela professora Regina Andrade da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, explica o que são esses fármacos, como devem ser utilizados e as consequências do uso indiscriminado.
Um dos efeitos da introdução dos psicofármacos na saúde populacional é a diminuição na frequência de admissão hospitalar e ocupação de leitos. Apesar disso, “esta classe de medicamentos pode oferecer vários efeitos adversos, podendo piorar o quadro de um transtorno de saúde mental”, afirma a acadêmica.
O uso prolongado dessa categoria de medicamentos, se não efetivamente orientado, oferece riscos à dependência física ou psíquica, além de aumentar a procura compulsiva do remédio, levando ao vício. Por conta disso, Giovanna destaca que os psicotrópicos são “produzidos, prescritos e vendidos sob cuidados especiais, obedecendo leis rigorosas e normas de segurança”. De acordo com a acadêmica, é por essa razão que os psicofármacos são prescritos com receitas especiais, por profissionais devidamente capacitados e de acordo com as listas de medicamentos escolhidos pela Anvisa. Mas Giovanna alerta que “o diagnóstico dessas doenças é delicado, sendo de fundamental importância o acompanhamento psiquiátrico”.
Como devem ser usados os psicotrópicos
A acadêmica conta que os psicotrópicos são classificados em oito categorias: ansiolíticos, sedativos, antipsicóticos, antidepressivos, estimulantes psicomotores, psicomiméticos e potencializadores da cognição, e são prescritos conforme o diagnóstico do paciente. “Para muitas doenças, os medicamentos são o tratamento principal, como no transtorno bipolar, em depressões ou no controle de ataques de pânico. Em outras doenças, como nos transtornos de personalidade, o acompanhamento psicológico é preferencial. E em muitas situações o ideal é a combinação dos dois tratamentos”, informa Giovanna.
A forma mais segura e simples de administração dos fármacos, segundo a acadêmica, é a via oral, mesmo que estes apresentem absorção lenta e diminuição da concentração do fármaco depois de passar pelo fígado. Uma alternativa para pacientes que apresentam baixa adesão ao tratamento medicamentoso por via oral é a administração injetável de liberação prolongada. Giovana ainda lembra que os psicofármacos também podem ser administrados por via sublingual, retal e subcutânea.
Coordenação: Rosemeire Talamone