Pílula Farmacêutica #108: Uso recreativo da lidocaína pode causar de queda de pressão a crises convulsivas

A substância, normalmente utilizada como anestésico tópico médico e odontológico e no controle de arritmias, vem ganhando adeptos de uso recreativo

 11/07/2022 - Publicado há 2 anos
Jornal da USP no ar: Medicina
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Pílula Farmacêutica #108: Uso recreativo da lidocaína pode causar de queda de pressão a crises convulsivas
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A lidocaína, anestésico de uso tópico comumente utilizado em pequenos procedimentos como os odontológicos, dermatológicos ou para o controle de arritmias cardíacas, atualmente vem se popularizando pela associação com outras drogas, pela dormência que causa na boca e pelo uso na prática de sexo anal. Nesta edição do Pílula Farmacêutica, a acadêmica Giovanna Bingre, orientada pela professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP Regina Andrade, traz informações sobre a ação da lidocaína no organismo e as consequências do uso indiscriminado do anestésico.

De acordo com a acadêmica, a substância, que geralmente é encontrada como spray ou gel, se utilizada de forma indiscriminada e sem orientação médica, pode ser perigosa, causando crises convulsivas, queda de pressão arterial, aumento da temperatura corporal, visão dupla e desmaios.

Sintetizada a partir da folha de coca desde 1943, a lidocaína pode ser utilizada em procedimentos como colonoscopia, intubação, tratamentos odontológicos e até em lesões de pele, como queimaduras e bolhas de herpes zoster.

Mecanismo de ação da lidocaína

Giovanna diz que a ação anestésica da lidocaína acontece pela movimentação eletrônica. Nas células do corpo, ela explica, existe uma estrutura fina, a membrana, que tem canais iônicos na sua superfície. “A lidocaína bloqueia um desses canais iônicos, o de sódio. Isso impede um processo chamado de despolarização de membrana e consequentemente bloqueia a propagação de impulsos nervosos, responsáveis pelas sensações de dor.”

Uso como anestésico tópico e nas arritmias 

Além de ser utilizada em pequenos procedimentos, a lidocaína age diminuindo a condução de impulsos nervosos no tecido cardíaco, regulando arritmias. Por esta característica, a substância é frequentemente utilizada em emergências envolvendo alterações no ritmo cardíaco e outras condições relacionadas ao coração.

Giovanna alerta que, apesar de ter um uso simples, o anestésico não deve ser utilizado sem supervisão profissional. É que o uso indiscriminado da lidocaína vem se popularizando e pode trazer riscos, “seja pela aplicação na boca devido à sensação de dormência, a associação com outras drogas ou a aplicação durante práticas de sexo anal”. A acadêmica explica que a aplicação da substância na região anal é perigosa. “O indivíduo não vai sentir caso ocorra alguma lesão no epitélio durante o ato, então ele vai se manter na repetição do atrito e agravar o ferimento.”


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