Lenira Machado, Nair Kobashy, Márcia Mafra e Iara Areia Prado foram confinadas, no início dos anos 1970, no presídio Tiradentes, em São Paulo. “O local foi apelidado pelos presos políticos como a “Torre das Donzelas””, contou a historiadora Letícia Viana de Morais, que foi a convidada do podcast Os Novos Cientistas desta quinta-feira (24). Ela autora do estudo de mestrado Assim sobrevivemos: narrativas de militantes presas políticas no Presídio Tiradentes (1969-1976), apresentado recentemente na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. A pesquisa realizada por Letícia teve a orientação do professor Maurício Cardoso, da FFLCH.
“As quatro jovens, estudantes à época, ingressaram em grupos de guerrilha revolucionária”, disse Letícia. Segundo ela, com a promulgação do AI-5, em 1968, o recrudescimento da repressão política conviveu com estratégias de combate armado ao regime, levadas a cabo, especialmente, por jovens estudantes. As mulheres que se envolveram nessas lutas vivenciaram limites e potencialidades de ação marcadas pela condição de gênero. “Daí, a proposta foi analisar quem eram essas mulheres e como aconteceu esse envolvimento com a luta política naqueles tempos nefastos”, contou Letícia.
Os testemunhos analisados por Letícia para seu estudo fazem parte do acervo do Projeto Intolerância e Resistência: Memórias da Repressão Política no Brasil (1964-1985), uma parceria entre o Laboratório de Estudos sobre a Intolerância, da FFLCH, e o Arquivo Edgard Leurenhoth (AEL), da Unicamp. “Esse acervo está disponível no Núcleo de Estudos das Diversidades , Intolerâncias e Conflitos da FFLCH”, explicou a pesquisadora. De acordo com Letícia, as entrevistas por ela selecionadas para o estudo foram realizadas já no final dos anos 2000. “As relações de gênero aparecem de modo espontâneo nas entrevistas, que tinham como foco a militância política de forma ampla”, descreveu a historiadora.
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