Mulheres militantes presas durante a ditadura são temas de pesquisa na USP

Estudo analisou testemunhos de quatro mulheres militantes que participaram do movimento estudantil da Faculdade de Filosofia da USP e, posteriormente, ingressaram em organizações políticas que fizeram a opção pela luta armada.

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 25/11/2022 - Publicado há 1 ano
Novos Cientistas - USP
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Mulheres militantes presas durante a ditadura são temas de pesquisa na USP
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Lenira Machado, Nair Kobashy, Márcia Mafra e Iara Areia Prado foram confinadas, no início dos anos 1970, no presídio Tiradentes, em São Paulo. “O local foi apelidado pelos presos políticos como a “Torre das Donzelas””, contou a historiadora Letícia Viana de Morais, que foi a convidada do podcast Os Novos Cientistas desta quinta-feira (24). Ela autora do estudo de mestrado Assim sobrevivemos: narrativas de militantes presas políticas no Presídio Tiradentes (1969-1976), apresentado recentemente na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. A pesquisa realizada por Letícia teve a orientação do professor Maurício Cardoso, da FFLCH.

“As quatro jovens, estudantes à época, ingressaram em grupos de guerrilha revolucionária”, disse Letícia. Segundo ela, com a promulgação do AI-5, em 1968, o recrudescimento da repressão política conviveu com estratégias de combate armado ao regime, levadas a cabo, especialmente, por jovens estudantes. As mulheres que se envolveram nessas lutas vivenciaram limites e potencialidades de ação marcadas pela condição de gênero. “Daí, a proposta foi analisar quem eram essas mulheres e como aconteceu esse envolvimento com a luta política naqueles tempos nefastos”, contou Letícia.

Os testemunhos analisados por Letícia para seu estudo fazem parte do acervo do Projeto Intolerância e Resistência: Memórias da Repressão Política no Brasil (1964-1985), uma parceria entre o Laboratório de Estudos sobre a Intolerância, da FFLCH, e o Arquivo Edgard Leurenhoth (AEL), da Unicamp. “Esse acervo está disponível no Núcleo de Estudos das Diversidades , Intolerâncias e Conflitos da FFLCH”, explicou a pesquisadora. De acordo com Letícia, as entrevistas por ela selecionadas para o estudo foram realizadas já no final dos anos 2000. “As relações de gênero aparecem de modo espontâneo nas entrevistas, que tinham como foco a militância política de forma ampla”, descreveu a historiadora.

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