A relação entre paciente e cirurgião-dentista pode parecer simples, mas precisa ser clara, objetiva e honesta, para evitar que chegue à esfera judicial. O assunto foi debatido no Momento Odontologia desta semana, que recebeu o professor Ricardo Henrique Alves da Silva, da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (Forp) da USP.
Silva foi orientador do trabalho Processos Cíveis Contra Cirurgiões-Dentistas e Clínicas Odontológicas de Ribeirão Preto, da cirurgiã-dentista Andrea Sayuri Silveira Dias, que apontou um aumento de cerca de 73% no número de processos judiciais contra cirurgiões-dentistas no início da década passada. Durante a pesquisa, foi observado ainda que os valores das indenizações pedidas chegaram a R$ 130 mil.
Estudos mais recentes, diz o professor, revelam que as áreas de implantodontia, prótese dentária, endodontia, ortodontia e cirurgia bucomaxilofacial são as que mais sofrem com ações judiciais na odontologia. “A razão é que são especialidades com tratamentos mais longos e com expectativas maiores por parte do paciente.” Entre as principais queixas estão a insatisfação com o tratamento e a pouca atenção – ou falta dela – por parte do profissional.
O professor ressalta a importância de uma relação clara, objetiva e honesta entre dentista e paciente, além do uso das melhores técnicas e tecnologias possíveis. A confiança entre profissional e paciente também é indispensável “para ter o melhor proveito no tratamento odontológico”. A documentação odontológica é fundamental, segundo Silva, pois comprova todo o procedimento acordado entre as partes, “principalmente se o problema chegar à justiça”.
Quando uma ação chega ao Judiciário, normalmente, o juiz solicita parecer de um perito para esclarecer os procedimentos do tratamento, quando for o caso. Para atuar como perito, o cirurgião-dentista precisa se especializar em odontologia legal, informa o professor.
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