Nicolas Braga, administrador e gerente de Inteligência, tem 39 anos e, desde os 5 ou 6 anos de idade, convive com a chamada língua geográfica. Essa alteração na língua é o tema do Momento Odontologia desta semana, com a doutoranda em Odontopediatria Gisele Carvalho Inácio, da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (Forp) da USP.
Gisele explica que língua geográfica, também chamada de glossite migratória, é uma condição benigna que acomete principalmente crianças. Geralmente é detectada durante o exame clínico de rotina da cavidade bucal. As lesões ocorrem em 1% a 3% da população e o sexo feminino é mais afetado que o masculino, o que torna o que ocorreu com Braga quase uma exceção.
As lesões apresentam-se como múltiplas áreas bem demarcadas de vermelhidão que, geralmente, aparecem na ponta ou nas bordas laterais da língua. As lesões aparecem de súbito e desaparecem dentro de alguns dias ou semanas, podendo reaparecer em uma área diferente posteriormente.
A língua geográfica não é contagiosa, segundo Gisele, e suas causas ainda não são claramente determinadas pela ciência; podem ter caráter genético, estar associadas a deficiências nutricionais e estresse, entre outras. No caso de Braga, muito provavelmente, a causa é genética, uma vez que a avó também tinha a lesão.
Braga relata que sentia muito desconforto, especialmente com alimentos ácidos e determinados tipos de queijo, mas nada que atrapalhasse o consumo desses produtos. “Coisas ácidas, como abacaxi, tomate e limão, além de alguns queijos, davam ardor na língua; eu evitava alguns deles, mas as coisas que eu mais gostava eu comia e aguentava um pouquinho.”
Por se tratar de uma condição benigna, Gisele diz que não é indicado nenhum tratamento específico; porém, se o paciente relatar dor ou ardência durante a alimentação, é recomendado fazer o que Braga fazia, ou seja, evitar alimentos e bebidas ácidas e quentes.
Braga encerra dizendo que a fase mais difícil foi na adolescência e que até hoje ainda tem a lesão, com ardor, principalmente com alimentos ácidos, mas o incômodo é muito menor.
Ouça no áudio acima a íntegra do Momento Odontologia.
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