Os impactos da pandemia na saúde mental só terá uma resposta satisfatória e completa daqui a alguns anos, mas o professor João Paulo Machado de Sousa já adianta e comenta que alguns já são claramente visíveis no Minuto Saúde Mental desta semana.
Em primeiro lugar, diz o professor, a pandemia de covid-19 afetou o acesso concreto aos serviços de saúde mental disponíveis. As pessoas passaram a ter muito mais dificuldade para conseguir consultas e avaliações e para manter seu acompanhamento em instituições. “Essa dificuldade foi potencializada ainda pelas restrições de circulação e uso do transporte público.”
Outro fator que foi agravado pela pandemia foi a dificuldade pessoal de buscar ajuda. “Com a pandemia, o medo de contágio se somou ao estigma e atrapalhou ainda mais a busca por tratamento.” Ao olhar a questão ainda de outra perspectiva, a pandemia causou sérios problemas econômicos, inclusive com interrupção da geração de renda para algumas famílias, o que, segundo Sousa, “tornou inviável para um grande número de pessoas iniciar ou continuar tratamentos particulares de que elas precisavam, causando abandono de terapias e interrupções indesejáveis no acompanhamento psiquiátrico e até mesmo no uso de medicações”.
Por fim, o professor lembra que a pandemia causou um agravamento de problemas de saúde mental em pessoas que já estavam em remissão e o surgimento de quadros ligados ao estresse e à ansiedade em uma grande parcela da população, especialmente as crianças e adolescentes que sofreram mudanças dramáticas em atividades cotidianas muito importantes, como a escola e a convivência com seus grupos sociais. “Não há dúvida, portanto, de que o impacto da pandemia sobre a saúde mental é enorme e atinge várias frentes diferentes. Agora é hora de a sociedade trabalhar de forma conjunta para minimizar esse impacto e melhorar nossa qualidade de vida.”
Minuto Saúde Mental
Apresentação: João Paulo Machado de Sousa
Produção: João Paulo Machado de Sousa e Jaime Hallak
Coprodução e edição: Rádio USP Ribeirão
Coordenação: Rosemeire Talamone
Apoio: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Translacional, iniciativa CNPq e Fapesp
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