Minuto Saúde Mental #59: Qual a diferença entre psicólogo e psicanalista?

Profissionais com boa formação e vinculados a instituições que acompanham sua prática tendem a oferecer um trabalho mais competente e responsável

 18/08/2022 - Publicado há 2 anos
Minuto Saúde Mental - USP
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Minuto Saúde Mental #59: Qual a diferença entre psicólogo e psicanalista?
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No Minuto Saúde Mental desta semana o professor João Paulo Machado de Sousa faz uma distinção entre o psicólogo e o psicanalista em termos legais. No Brasil, diz Sousa, a psicologia é uma profissão reconhecida, ou seja, com formação oferecida por instituições de ensino superior (faculdades e universidades) e práticas regulamentadas por um conselho profissional. “Para que uma pessoa utilize o título de psicólogo, ela deve cumprir um currículo de formação teórica e prática e estágios supervisionados. Para praticar a profissão, o profissional deve estar inscrito em um conselho regional ligado ao Conselho Federal de Psicologia e está sujeito ao código de ética da profissão.” 

A psicanálise, por outro lado, não é uma profissão regulamentada no Brasil, o que significa que não existem regras ou currículo formalmente reconhecidos para a formação do psicanalista e que a prática deste profissional não é regida por um conselho profissional. “Muita gente relaciona diretamente o psicólogo ao trabalho clínico feito em geral dentro de um consultório e voltado para o tratamento de transtornos mentais, mas essa é apenas uma das várias possibilidades de atuação deste profissional. Existem psicólogos que trabalham em escolas, hospitais, centros de pesquisa, presídios, empresas e até no setor judiciário e cujo trabalho às vezes passa longe do tratamento de transtornos psíquicos.”

Já a psicanálise, um campo do conhecimento fundado por Sigmund Freud há pouco mais de cem anos, estuda o comportamento de pessoas e grupos que é usado como método de tratamento como uma das várias linhas existentes de psicoterapia. “É aqui que as duas áreas se encontram: os psicólogos geralmente recebem uma formação introdutória em psicanálise durante a graduação e podem optar por trabalhar nesta linha com seus pacientes, assim como acontece com a terapia cognitivo comportamental, entre outras.”

O professor informa que, com o aumento da procura por tratamentos de transtornos mentais observados nas últimas décadas e com a falta de regulamentação da profissão de psicanalista, surgiram muitos cursos que oferecem formação nesta área, com pouca ou nenhuma exigência de formação anterior para os candidatos. “Apesar deste ser um território sem lei, por assim dizer, existe uma associação psicanalítica internacional, que foi fundada por Freud em Londres, e que estabelece parâmetros uniformes para a formação de psicanalistas para vários institutos espalhados pelo mundo todo – inclusive no Brasil. A Associação Psicanalítica Internacional (ou IPA, na sigla em inglês) concede certificados aos profissionais que completam um longo período de formação baseados em três pilares: análise pessoal com um analista didata, supervisões clínicas (que são um tipo de estágio supervisionado por profissionais mais experientes) e cursos teóricos. No Brasil, as sociedades de psicanálise afiliadas à IPA geralmente aceitam psicólogos e médicos em seus institutos de formação.”

Sousa lembra que cada pessoa tem o direito de escolher entre os tratamentos disponíveis aquele que julga mais adequado para o seu caso, “mas não custa enfatizar que profissionais com boas formações e vinculados à instituições que acompanham sua prática tendem a oferecer um trabalho mais competente e responsável”.


Minuto Saúde Mental
Apresentação: João Paulo Machado de Sousa
Produção: João Paulo Machado de Sousa e Jaime Hallak
Coprodução e edição: Rádio USP Ribeirão
Coordenação: Rosemeire Talamone
Apoio: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Translacional, iniciativa CNPq e Fapesp

 

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