Tenho me sentido muito triste e desanimado nestes tempos de isolamento. Será que estou ficando deprimido? Depressão é o tema do Minuto Saúde Mental desta semana, com o professor João Paulo Machado de Sousa, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.
Segundo o professor, é muito importante fazermos uma distinção clara entre tristeza e depressão. “A tristeza é uma emoção humana desagradável, mas natural, que tem a ver com o contexto que estamos vivendo em um determinado momento. Já a depressão é um transtorno mental com características próprias, que vão muito além da tristeza.”
Saiba diferenciar tristeza de depressão
O critério principal que devemos usar para diferenciar as duas coisas, diz o professor, é a existência de um evento que justifique o sentimento, além da duração dos sintomas e dos problemas que eles trazem para a pessoa. “No caso da perda de alguém importante, por exemplo, é natural que a pessoa sinta uma tristeza muito profunda, que vai acabar afetando seu dia a dia e atrapalhando suas atividades e relacionamentos. Se tudo correr de forma saudável, essa tristeza vai passar progressivamente e a pessoa vai retomar suas atividades normais, conforme isso acontece.”
O professor alerta que, na depressão, que também pode ser disparada por um evento muito triste, a tristeza não reage de forma normal ao longo do tempo e outros sintomas importantes aparecem, como a perda de interesse ou prazer em atividades importantes para a pessoa, alterações de sono e de apetite, irritabilidade e sentimentos de culpa e desespero, chegando até a vontade de acabar com a própria vida. “Para o diagnóstico de depressão, os sintomas devem durar pelo menos duas semanas contínuas e estar presentes a maior parte do tempo.”
Em função do período específico e de grande incerteza que estamos vivendo, segundo Sousa, é natural que a gente se sinta triste e sem esperança em alguns momentos. “No entanto, se os seus sentimentos negativos estiverem tomando a maior parte do seu dia, atrapalhando a realização das suas atividades rotineiras e tirando totalmente o seu interesse ou prazer em coisas que sempre gostou de fazer, é hora de acender o sinal amarelo, observar com cuidado e procurar ajuda, se necessário”, conclui.
O Minuto Saúde Mental tem apresentação do professor João Paulo Machado de Sousa, produção dos professores Sousa e Jaime Hallak, com apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Translacional, iniciativa do CNPq e Fapesp.