No podcast Minuto Saúde Mental desta semana, o professor João Paulo Machado de Sousa responde a uma ouvinte que relata fazer algumas semanas que tem cutucado a pele constantemente e que tem muita dificuldade em parar, chegando até a se ferir. Com isso pergunta se é preciso procurar tratamento.
Segundo o professor, pela descrição, é um quadro conhecido como transtorno de escoriação. Este transtorno foi incluído mais recentemente nas classificações diagnósticas da psiquiatria e faz parte do grupo dos chamados Transtornos Obsessivo-Compulsivos. Eles recebem este nome porque englobam quadros onde a pessoa tem muita dificuldade em interromper a ocorrência de determinados pensamentos e comportamentos, o que acaba causando problemas e sofrimento.
Para saber se o hábito de cutucar a pele está ultrapassando a barreira do que é saudável, diz o professor, veja se você enfrenta os seguintes sintomas:
– Cutucar a pele constantemente até causar lesões;
– Fazer tentativas repetidas (e frustradas) de interromper o comportamento;
– Experimentar sofrimento ou prejuízos significativos por causa do comportamento (ex.: vergonha).
Além disso, é fundamental saber se os sintomas não estão sendo causados por alguma substância (como um remédio, por exemplo) ou por outro quadro médico ou dermatológico. A pessoa que sofre de transtorno de escoriação pode ainda ter sintomas não relacionados à pele, como arrancar cabelos, roer unhas ou outros comportamentos compulsivos.
É importante não negligenciar os sintomas descritos porque o quadro tende a ser crônico, ou seja, a desaparecer e voltar de tempos em tempos e porque o comportamento compulsivo de cutucar a pele pode acabar causando lesões graves e infecções.
O tratamento para o transtorno de escoriação inclui, como na maior parte dos transtornos mentais, uma parte psicológica e outra médica. Na parte psicológica, a terapia cognitivo comportamental parece ser a mais promissora no controle dos sintomas. Na parte médica, o psiquiatra deverá optar entre diferentes medicações de acordo com o perfil e a história de cada paciente. Por último, pode ser necessária a consulta a um dermatologista para acompanhar adequadamente os possíveis danos causados à pele.
Minuto Saúde Mental
Apresentação: João Paulo Machado de Sousa
Produção: João Paulo Machado de Sousa e Jaime Hallak
Coprodução e edição: Rádio USP Ribeirão
Coordenação: Rosemeire Talamone
Apoio: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Translacional, iniciativa CNPq e Fapesp
.