O autismo é um problema do desenvolvimento cerebral e psicológico que faz com que a pessoa tenha dificuldades em domínios diferentes da vida, mas principalmente na comunicação e na interação social. Como esses problemas podem variar muito em termos de gravidade e, consequentemente, do prejuízo que trazem para a pessoa, o nome utilizado hoje para se referir a esta condição é Transtorno do Espectro Autista, ou TEA. Esse é o tema do podcast Minuto Saúde Mental desta semana, com o professor João Paulo Machado de Sousa.
Sempre que falamos de espectro, quando nos referimos a problemas de saúde mental, estamos falando de quadros que compartilham algumas características comuns, mas que variam bastante no prejuízo que causam ao paciente. Assim, o diagnóstico de TEA englobou diagnósticos anteriores como o próprio autismo e a síndrome de Asperger, por exemplo, que servia para se referir a casos com prejuízos menores.
A pessoa com autismo costuma apresentar sintomas logo na primeira infância. Esses sintomas incluem dificuldades no aprendizado ou no uso da linguagem, aparente indiferença aos cuidadores, agitação sem explicação clara e comportamentos repetitivos ou estranhos, como balançar-se para a frente e para trás ou criar rotinas específicas para momentos triviais como as refeições, por exemplo. Quando essas rotinas são quebradas, a pessoa pode apresentar reações que parecem incompreensíveis ou desproporcionais para quem está acompanhando.
A causa do autismo ainda não é conhecida de fato. O transtorno afeta uma em cada 50-60 crianças com idade de até 8 anos e é mais comum em meninos do que meninas. As pesquisas mostram que vários genes podem aumentar a vulnerabilidade para o desenvolvimento do transtorno, mas, sozinhos, não explicam o aparecimento do problema. Outras linhas de pesquisa estão investigando se infecções ou problemas durante a gestação podem explicar a ocorrência do TEA, mas não existem resultados definitivos. É muito importante lembrar aqui que nenhum estudo confiável mostrou relação entre vacinação e autismo, embora muitas fontes aleguem essa conexão sem base científica concreta.
Caso esteja preocupado com o desenvolvimento de seu filho ou de outra criança com quem tem contato, você deve primeiro se lembrar que cada uma tem seu ritmo específico de desenvolvimento e não precisa atingir marcos do desenvolvimento como caminhar ou aprender a falar no mesmo momento que outras crianças. No entanto, se perceber que a criança não responde à interação com as pessoas à sua volta ou tem padrões de comportamento que parecem muito diferentes e persistentes ao longo do tempo, você deve consultar um profissional.
Embora o autismo ainda não tenha cura, o trabalho conjunto entre profissionais da saúde e da educação pode melhorar muito a maneira como o paciente interage com o mundo e sua qualidade de vida geral.
Minuto Saúde Mental
Apresentação: João Paulo Machado de Sousa
Produção: João Paulo Machado de Sousa e Jaime Hallak
Coprodução e edição: Rádio USP Ribeirão
Coordenação: Rosemeire Talamone
Apoio: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Translacional, iniciativa CNPq e Fapesp
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