No podcast Minuto Saúde Mental desta semana, o professor João Paulo Machado de Sousa, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, fala sobre transtorno de ajustamento. Cita como exemplo uma criança que se muda de cidade com a família e na nova escola se isola e reclama de dor de cabeça. O professor lembra que sempre que um sintoma físico chama a atenção, a primeira coisa a fazer é uma investigação médica das causas possíveis.
As alterações de comportamento da criança podem ter muitas causas diferentes; por exemplo, ela pode sofrer de enxaqueca ou ter problemas de visão, que poderiam explicar não só as dores de cabeça, mas também a queda no desempenho e a dificuldade de se adaptar confortavelmente ao ambiente da escola. “Caso a investigação médica não mostre nada disso, é importante considerar que os problemas podem estar relacionados à saúde mental da criança. Mudanças importantes como a perda de amigos ou pessoas queridas, problemas de relacionamento na família e mudanças de cidade ou de escola podem gerar o que os profissionais de saúde mental chamam de transtorno de ajustamento.”
Causas do transtorno de ajustamento
Diferente da depressão ou da ansiedade, por exemplo, os transtornos de ajustamento têm início claramente associado a um evento estressor no ambiente, como aqueles de que falamos, aparecendo dentro dos três meses seguintes a esses eventos. Existem diferentes tipos de transtornos de ajustamento, que são classificados de acordo com os principais sintomas e que vão determinar as melhores opções de tratamento.
Um ponto importante para lembrar aqui é que crianças e adolescentes tendem a apresentar muitos sintomas físicos quando estão sofrendo de algum problema psicológico ou psiquiátrico, enquanto os adultos apresentam mais sintomas emocionais e comportamentais, como desânimo ou ansiedade. Um bom profissional de saúde poderá lhe ajudar a entender o que está acontecendo e qual a melhor conduta a ser seguida.
O Minuto Saúde Mental tem apresentação do professor João Paulo Machado de Sousa, produção dos professores Sousa e Jaime Hallak, com apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Translacional, iniciativa do CNPq e Fapesp.