Algumas peças presentes no primeiro volume de O Cravo Bem Temperado, de Johann Sebastian Bach, são destinadas ao órgão, e não ao cravo. É o que afirma o cravista, organista, pianista e professor do Coral da Universidade de São Paulo (Coralusp) Sérgio Carvalho na sua tese de doutorado, intitulada Aspectos de Linguagem Organística em Das wohltemperierte Clavier – O Cravo Bem Temperado de Johann Sebastian Bach, defendida em 2015 na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, sob orientação do professor Eduardo Monteiro. Um indício disso é que, nessas peças, se tocadas no cravo, as dissonâncias desaparecem, enquanto no órgão elas ficam evidentes, como destaca Carvalho em sua tese, que está disponível na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP (acesse aqui).
Uma das peças de O Cravo Bem Temperado que Sérgio Carvalho cita na sua tese como mais adequadas ao órgão do que ao cravo é o Prelúdio e Fuga Número 22 em Si Bemol Menor (BWV 867), que, nesta edição de Manhã com Bach, é exibida em duas versões – uma ao cravo e outra ao órgão -, a fim de demonstrar a tese do professor do Coralusp.
Outras peças de Bach interpretadas ao órgão por Sérgio Carvalho e ouvidas nesta edição são o prelúdio Allein Gott in der Höh sei Ehr (BWV 675), a Fuga 11 de A Arte da Fuga (BWV 1080), o prelúdio Erbarb dich mein, o Herre Gott, “Apieda-te de mim, ó, Senhor Deus” (BWV 721), o prelúdio Nun freuet euch, lieben Christen gemein, “Agora alegrai-vos, amada comunidade cristã” (BWV 734) e o coral de mesmo nome (BWV 388). O podcast traz ainda a ária Bekennen will ich seinen Namen, “Eu quero confessar o seu nome” (BWV 200), único fragmento que restou de uma cantata perdida.