Uma das características das músicas de Johann Sebastian Bach é a sua “densidade harmônica”. As obras do compositor alemão demonstram um domínio absoluto do contraponto, ao mesmo tempo em que há um controle do encontro harmônico, ou seja, o controle das muitas dissonâncias encontradas nos acordes. Essa característica é responsável pela expressividade tão marcante das peças de Bach, sejam instrumentais, sejam vocais.
É o que afirma o cravista, organista e pianista Sérgio Carvalho, do Coral da Universidade de São Paulo (Coralusp), que nesta edição de Manhã com Bach interpreta sete obras de Bach: o Ricercare a 3 e quatro cânones – incluídas na Oferenda Musical (BWV 1079) -, Prelúdio, Fuga e Alegro em Mi Bemol Maior (BWV 998) e o Concerto em Sol Menor (BWV 975). O podcast exibe ainda a cantata Widerstehe doch der Sünde, “Resiste ao pecado” (BWV 54).
Neste mês, o podcast está apresentando obras de Bach interpretadas por Sérgio Carvalho com exclusividade para o programa Manhã com Bach, da Rádio USP. As gravações das músicas são feitas na sala de música da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP, num cravo que é réplica fiel dos cravos produzidos no século 17 pela família Ruckers, dos Países Baixos. Carvalho utiliza uma afinação típica do período barroco. Com isso, a sonoridade apresentada é bastante próxima daquela concebida por Bach.
Nascido em São José dos Campos (SP) em 9 de julho de 1963, Sérgio Carvalho se formou em 1992 no curso de Cravo da Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, onde estudou com a professora Helena Jank, solista internacional e especialista em interpretação da música barroca historicamente informada. Ele estudou órgão com a organista Elisa Freixo, da Sé de Mariana (MG), e se aperfeiçoou no cravo com a cravista santista Maria Lúcia Nogueira (1948-2007), uma das mais importantes divulgadoras da música para cravo no Brasil. Carvalho é doutor em Música com a tese Aspectos de Linguagem Organística em Das Wohltemperierte Clavier – O Cravo Bem Temperado – Estilo Antigo e Temperamento Moderno, defendida em 2015 na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, sob orientação do professor Eduardo Monteiro. Ele atua no Coralusp desde 2008.
Ouça o podcast no link acima.