Jornal da USP no Ar – Medicina #10: Médicos que salvam vidas em situações extremas

“Refugiados saem de onde vivem, têm familiares e amigos, só se faz isso quando se teme a morte, diz Drauzio Varella. A convite da organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) ele conheceu de perto as dificuldades das vítimas da guerra e o trabalho desses profissionais. “Se você quer realmente tratar da situação das pessoas, são momentos como os da expedição que realmente contam. Mas primeiro você tem de estar despojado de interesses. Isso é o gratificante da profissão”, revela o médico Nelson De Luccia que foi ao Haiti com a organização não governamental Expedicionários da Saúde tratar as vítimas do terremoto.

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 12/07/2019 - Publicado há 5 anos
Jornal da USP no ar: Medicina
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Jornal da USP no Ar – Medicina #10: Médicos que salvam vidas em situações extremas
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Conhecido por falar sobre a saúde no Brasil e os impactos na sociedade, o médico Drauzio Varella estreia uma nova série intitulada Drauzio em Campo: Líbano e Jordânia, em que mostra as consequências da guerra para 1,5 milhão de sírios que vivem em campos de refugiados. A convite da organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF), Varella conheceu de perto as dificuldades das vítimas da guerra e o trabalho desses profissionais. Em três episódios, a série aborda desde as dificuldades das famílias alocadas na região até situações de vulnerabilidade na saúde e as mutilações causadas pelos conflitos.

Varella foi até a região libanesa do vale do Bekaa, no campo de refugiados de Abu Farris, visitou localidades de Majdal Anjar, Arsal e um hospital da organização MSF em Amã, na Jordânia, especializado em cirurgias reconstrutivas para vítimas de conflitos armados. “Eles têm a pior situação de vida. São obrigados a saírem do lugar onde moram, vivem, têm amigos e familiares para se abrigarem em barracas. Só se faz isso quando se acha que vai morrer”, declara o médico.

“Enquanto isso, se discutem muros na Europa e nos Estados Unidos,   as pessoas estão vivendo a guerra na Síria. De um lado tem gente que bombardeia aldeia com crianças e mulheres, de outro lado, tem uma organização que vai atender as pessoas,  oferecer cuidados médicos”, critica. Ele conta que não só de médicos vive a MSF, os atendimentos são providos por assistentes sociais, enfermeiros, paramédicos, psicólogos, dentre outras áreas de especialidade. “São equipes médicas”, aponta Varella.

Ainda neste episódio, você acompanha a entrevista com o professor Nelson de Luccia da Faculdade de Medicina (FM) da USP e diretor técnico da disciplina de Cirurgia Vascular do Hospital da Clínicas da FMUSP, que atendeu às vítimas da maior tragédia já enfrentada pelo Haiti. A missão se deu pela organização não governamental Expedicionários da Saúde, nascida em 2003, e que desde 2010 realiza expedições ao país. O terremoto e a fragilidade socioeconômica provam que não só as guerras devastam países.

“Se você quer realmente tratar da situação das pessoas, são momentos como os da expedição que realmente contam. Mas primeiro você tem de estar despojado de interesses. Isso é o gratificante da profissão”, defende o médico. Ele conta que revisitou uma foto tirada em meio aos seus atendimentos: um pai que chegou ao hospital com o filho nos braços em busca do socorro.

Luccia ressalta que, apesar das situações precárias, mesmo no nível sanitário, os bons recursos humanos possibilitaram um atendimento eficiente. “Éramos dez pessoas. Três ortopedistas, dois vasculares, dois ou três anestesistas e alguns enfermeiros. O que fazia diferença era o trato no procedimento médico. Na qualidade da anestesia”, declara. O grupo atendeu, sobretudo, vítimas de severos traumas. Operou e revisou amputações. Os médicos se reuniram à missão internacional do Exército brasileiro, promovida pelo governo federal, com o intuito de pensar em intervenções para facilitar a distribuição de próteses.

Não se esqueça, essas e outras entrevistas você acompanha de segunda a sexta, das 7h30 a 9h30, na Rádio USP 93,7 em São Paulo, 107,9 em Ribeirão Preto e streaming. Você pode baixar o podcast e ouvir a qualquer hora, acessando jornal.usp.br  ou utilizar seu agregador de podcasts preferido, no Spotify, iTunes e CastBox.

Apresentação e produção: Roxane Ré

Edição de Som: Cido Tavares


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