Jornal da USP no Ar – Medicina #08: Um novo vírus e uma velha conhecida

A volta do sarampo preocupa especialistas da Saúde e motiva campanha de vacinação em São Paulo, que está entre as cidades como registro de novos casos. De outro lado, o desafio dos cientistas para pesquisar mais informações sobre um novo vírus, o mayaro, chamado de “primo do chikungunya”

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 14/06/2019 - Publicado há 5 anos
Jornal da USP no ar: Medicina
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Jornal da USP no Ar - Medicina #08: Um novo vírus e uma velha conhecida
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O brasileiro já criou o costume de conviver com o risco de epidemias de dengue, zika e chikungunya durante períodos de chuva, principalmente no verão. Agora se encontra em frente ao risco de contaminação por mais um vírus, o mayaro – quais as preocupações que se levantam disso?

Conhecido desde os anos 50, o mayaro até então era tido como um vírus restrito à região amazônica, transmitido por mosquitos típicos de matas, do gênero Haemagogus, conta o professor Expedito Luna, do Laboratório de Epidemiologia do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP. No entanto, ele explica que estudos mostraram recentemente a ocorrência de casos em diferentes regiões para além da Amazônia e a possibilidade de mosquitos urbanos transmitirem o vírus, como os dos gêneros Aedes e Culex.

“É preocupante, porque conhecemos pouco sobre todo o espectro causado pela doença do vírus mayaro. Já convivíamos com a dengue, passamos a conviver com zika e chikungunya, e agora temos mais um enquanto nossa rede de saúde pública continua despreparada para fazer esse diagnóstico”, comenta.

O vírus mayaro é classificado popularmente como “primo do chikungunya” devido à semelhança dos sintomas das doenças que eles provocam. O professor Expedito Luna explica que ambas causam um comprometimento das articulações, uma espécie de artrite que pode se manter crônica mesmo após o término da fase aguda da doença.

Você também vai acompanhar neste episódio a preocupação das autoridades e dos especialistas da saúde em relação a uma doença que está de volta. No último dia 5 de junho, o Ministério da Saúde confirmou 31 novos casos de sarampo no Brasil em um boletim epidemiológico. No total, o País registrou 123 casos até o momento, sendo que ainda há 348 casos notificados sendo investigados. Especificamente no Estado de São Paulo, foram notificados 418 casos suspeitos desde o início do ano, sendo que, desse total, 12,2% foram confirmados. Para reafirmar a importância da vacinação contra a doença, o Jornal da USP no Ar conversou com a professora Ana Marli Christovam Sartori, do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina (FM) da USP.

O Brasil perdeu o certificado de erradicação do sarampo com o aparecimento de novos infectados desde o ano passado. A região Norte foi a mais afetada no início, mas agora segue controlada. Os estados de São Paulo e Pará possuem hoje o maior número de casos. Ana conta que, para que o país recupere esse selo,  “é necessário controlar a circulação e transmissão autóctone, ou seja, os casos contraídos em território nacional, e, após um ano, ter um controle total, sem nenhum caso de transmissão”.

A campanha de vacinação ocorre até o dia 12 de julho, no município de São Paulo, e o chamado dia “D” será no dia 29 de junho. O objetivo é imunizar pessoas de 15 a 29 anos, pois, de acordo com a especialista, “o maior número de casos está sendo visto nessa faixa etária. Aqui em São Paulo, 41% dos casos foram confirmados em pessoas dessas idades, porque muitos receberam a vacina há muito tempo e apenas uma dose da vacina, já que isso era o recomendado na época em que eles eram crianças”.

Não se esqueça, essas e outras entrevistas você acompanha de segunda a sexta, das 7h30 a 9h30 da manhã, na Rádio USP 93,7 em São Paulo, 107,9 em Ribeirão Preto e streaming. Você pode baixar o podcast e ouvir a qualquer hora, acessando jornal.usp.br  ou utilizar seu agregador de podcasts preferido, no Spotify, iTunes e CastBox.

Apresentação e produção: Roxane Ré

Edição de Som: Cido Tavares

 


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