Pílula Farmacêutica #79: Imunossupressores são usados para evitar rejeição de órgãos transplantados

Mesmo realizados entre indivíduos compatíveis geneticamente, transplantes de órgãos dependem de medicação imunossupressora

 27/07/2021 - Publicado há 3 anos
Jornal da USP no ar: Medicina
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Pílula Farmacêutica #79: Imunossupressores são usados para evitar rejeição de órgãos transplantados
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Com os transplantes de órgãos, entra em cena uma medicação que atua prevenindo a rejeição dos enxertos, os imunossupressores. Como conta a acadêmica Giovanna Bingre, orientanda da professora Regina Andrade, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, nesta edição do Pílula Farmacêutica, mesmo sendo realizados entre duas pessoas compatíveis, para o sucesso de um transplante, existe a necessidade desse tipo de medicamento.

O que é compatibilidade para um transplante?

Segundo Giovanna, são considerados compatíveis entre si os indivíduos com os genes MHC 1 e MHC 2 mais parecidos. Esses genes, adianta, são proteínas do DNA que “fazem parte do processo de reconhecimento celular e da resposta imunológica”. Através deles, o organismo reconhece um corpo estranho e o elimina.

Apesar de possuírem a mesma característica, induzir resposta imunológica, esses genes não são completamente iguais entre as pessoas e, quanto mais variável for, maior a chance de incompatibilidade e de rejeição do órgão transplantado.

A acadêmica explica que o MHC do receptor pode desencadear um ataque ao transplante (doença do hospedeiro versus enxerto) ou o MHC do doador, que está no órgão transplantado, pode atacar o corpo do receptor. Em qualquer dos casos, ocorre uma resposta imunológica exacerbada, colocando em risco a vida da pessoa que recebeu o enxerto.

Medicação imunossupressora

A rejeição é sempre observada, mesmo em indivíduos com o MHC mais compatíveis, mas é possível neutralizar a resposta imune com medicação. São eles: os anti-inflamatórios esteroidais (corticoides), os anticorpos mono e policlonais, os inibidores de calcineurina e os antiproliferativos.

“Os anticorpos são usados antes do transplante e os outros três na sua manutenção”, comenta a acadêmica, adiantando que os corticoides mais usados são a prednisona e a prednisolona que suprimem a resposta inflamatória, evitando a destruição e melhorando os sinais da inflamação no tecido. 

Enquanto isso, os antiproliferativos impedem que o MHC ative os linfócitos (que atuam na defesa do organismo), diminuindo a resposta imune. Os inibidores da calcineurina (proteína que induz a produção de sinalizadores inflamatórios), reduzem a dimensão da inflamação. Entre os mais usados, estão a ciclosporina e o remédio chamado tacrolimus. 

As medicações são usadas por toda a vida do paciente. Como pode haver rejeição e perda do enxerto, a pessoa pode voltar a receber novo órgão. Por isso, há a necessidade “de muitos doadores de órgãos, seja depois da morte ou antes dela, que é o caso dos transplantes de medula óssea”, comenta Giovanna, afirmando que, com mais gente registrada como doador, fica mais fácil encontrar pessoas com o MHC compatível.

A acadêmica lembra que para ser um doador de órgãos basta se registrar num banco de medula óssea e conversar com a própria família, mostrando a vontade de doar seus órgãos. Giovanna pede ainda a defesa do SUS, “o responsável por toda a estrutura de transplantes no Brasil”.


Pílula Farmacêutica
 
Apresentação: Kimberly Fuzel e Giovanna Bingre
Produção: Professora Regina Célia Garcia de Andrade e Rita Stella
Coprodução e Edição: Rádio USP Ribeirão 
E-mail: ouvinte@usp.br
Coordenação: Rosemeire Talamone
Horário: segunda e quarta, às 10h40
Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 107,9; ou Ribeirão Preto FM 107.9, ou pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS .
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