Grafites podem refletir segregação socioespacial na cidade

Educadora analisou grafites de duas áreas da cidade de São Paulo e elaborou uma sequência didática aplicada a jovens de uma escola pública. Objetivo foi verificar se os jovens conhecem a cidade e as opções de lazer e cultura identificadas

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 12/08/2021 - Publicado há 3 anos
Novos Cientistas - USP
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Grafites podem refletir segregação socioespacial na cidade
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Na entrevista desta quinta-feira (12) nos Novos Cientistas, a educadora Camilla Rodrigues Marangão falou sobre seu estudo de mestrado realizado na Faculdade de Educação (FE) da USP. Afinal, por meio dos grafites de nossa cidade será possível identificar algum tipo de segregação socioespacial? Esta foi a principal questão que norteou a pesquisa intitulada O grafite e a ocupação dos espaços na cidade de São Paulo, que teve a orientação da professora Sonia Maria Vanzella Castellar.

Para realizar seu estudo, Camilla apresentou a jovens estudantes do ensino fundamental II de uma escola pública da zona sul de São Paulo uma sequência didática de grafites presentes em dois locais da cidade. “A sequência foi formada por imagens de grafites presentes no Jardim São Luís, na zona sul, onde fica a escola, e no Beco do Batman, na zona oeste da cidade”, contou a pesquisadora. A partir das sequências, os estudantes responderam a questionários sobre seus conhecimentos em relação à cidade e suas opções de lazer e cultura. “A partir desses resultados e utilizando mapas mentais, compreendemos como os estudantes conhecem o bairro em que estudam e vivem”, disse Camilla.

Entre as conclusões do estudo, a pesquisadora destaca que os estudantes são capazes de reconhecer a relação direta entre os grafites e o local em que estão inseridos, pois o contexto presente nas imagens da periferia se refere a um discurso sobre o cotidiano vivido e isso se dá de forma bem diferente em outros lugares da cidade. “É também necessário que o educador estabeleça um vínculo com esses alunos e traga para eles elementos do cotidiano deles, como o grafite”, avaliou. Segundo Camilla, o grafite é uma manifestação artística que pode ser vista em toda a cidade e que é possível, sim, identificar algumas diferenças entre as imagens que aparecem em bairros mais centrais e periféricos.


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