Fake News Não Pod #31: A eficácia de uma vacina não é avaliada por uma resposta individual

Por isso é enganoso o vídeo em que um médico, após realizar um exame sorológico de anticorpos, alega que a vacina Coronavac não é eficaz, pois são os estudos clínicos que avaliam a eficácia de uma vacina, onde se analisa uma amostra da população, na qual se observa quantas pessoas vacinadas e quantas receberam um placebo contraíram a doença em um dado intervalo de tempo

 15/09/2021 - Publicado há 3 anos
Fake News não Pod - USP
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Fake News Não Pod #31: A eficácia de uma vacina não é avaliada por uma resposta individual
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Tem circulado nas redes sociais um vídeo em que um médico, após realizar um exame sorológico de anticorpos, alega que a vacina Coronavac não é eficaz. O Instituto Butantan e outras agências de verificação de fatos já esclareceram que esse vídeo é enganoso, tratando-se de uma fake news. No podcast Fake News Não Pod desta semana, a acadêmica Laura Colete Cunha explica que a resposta imune às vacinas é muito mais complexa. 

Os anticorpos neutralizantes, secretados pelas células B ativas, são um dos muitos mecanismos do sistema imune estimulados pelas vacinas. Os anticorpos envolvem a superfície do vírus e, desse modo, impedem que ele nos infecte e cause a doença. Contudo, além dos anticorpos, temos uma resposta celular que também é induzida pelas vacinas, e que é muito difícil de ser avaliada através de exames de sangue, pois ocorre nos tecidos, especialmente nos linfonodos, regiões ricas em células do sistema imune. Essas respostas celulares são conduzidas por células T. Existem diversos tipos de células T, como as células T citotóxicas, cuja função é matar células infectadas, e as células T auxiliadoras, que de modo simplificado atuam ajudando as células B e secretando diversas citocinas que irão coordenar a resposta imune. 

Após a vacinação, tanto as células B quanto as células T são capazes de formar células de memória. Essas células permitem que nosso sistema imune responda mais rapidamente e mais robustamente ao entrarmos em contato com o patógeno. A vacinação pode induzir altos níveis de anticorpos por um longo período de tempo, mas isso nem sempre acontece, e depende de fatores como o número de doses e a idade do indivíduo. Muitas vezes após a vacinação, os níveis de anticorpos decaem com o passar do tempo, até que o organismo seja desafiado pelo patógeno. Caso o período de incubação do patógeno seja longo, a produção de anticorpos pode ser rápida o suficiente para conter a infecção e os sintomas. Mas, quando isso não ocorre, a aplicação de mais doses pode ser necessária. 

Ademais, é importante salientar que a eficácia de uma vacina não é dada por uma resposta individual. Os estudos que avaliam a eficácia são estudos clínicos em que, resumidamente, se analisa uma amostra da população, na qual se observa quantas pessoas vacinadas e quantas que somente receberam um placebo contraíram a doença em um dado intervalo de tempo. No caso da Coronavac, temos uma eficácia global de 50,38% na prevenção de casos sintomáticos. Ou seja, os vacinados reduzem pela metade o risco de pegar o vírus e desenvolver sintomas da doença, quando comparado com quem não se vacinou. Em uma crise sanitária, isso já ajuda muito o sistema de saúde.

Busque informações em fontes confiáveis e não deixe de se vacinar. 


Fake News não Pod
Produção: Vydia Academics, Pretty Much Science (PMScience),
Projeto: João Fake News (bit.ly/JoaoFakeNews).
Roteirista e apresentadora: Laura Colete Cunha
Coprodução e Edição: Rádio USP Ribeirão Preto
Coordenação: Rosemeire Talamone

 

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