O músico, pesquisador e Ogan Vitor Israel Trindade de Souza foi o entrevistado desta quinta-feira (17) no podcast Os Novos Cientistas. Ele é autor da pesquisa de mestrado intitulada O Ogan Otum Alabê : sacerdote e músico percussionista da Nação Ketu no Ilê Axê Jagun, apresentada no programa de Pós-Graduação em Música da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e que teve a orientação do professor Alberto Tsuyoshi Ikeda.
Trindade contou que uma das principais motivações para realizar sua pesquisa foi o fato de ser um Ogan de uma casa de candomblé. “Houve também outras motivações, como a necessidade de entender o meu lugar no candomblé”, descreveu o músico. O estudo também traz parte da trajetória de um outro Ogan, o Otum Alabê, de nome William. “Ele é um jovem de 35 anos que toca desde criança. O interesse dele surgiu quando viu seu avô, que era o babalorixá da casa, fazendo seu trabalho sozinho e decidiu ajudá-lo. Hoje ele é o Ogan da casa, conhecido como ‘Opotum Bicudo’. Ele é a ‘mão direita’ do babalorixá”, explicou Trindade.
O músico e pesquisador se considera um Ogan “tardio”, pois começou com cerca de 30 anos. “Na música, comecei aos 15”, lembrou. Trindade é neto do poeta, folclorista, pintor, ator e teatrólogo Solano Trindade e filho da escritora, artista plástica e folclorista, Raquel Trindade. O artista sempre participou das atividades do Teatro Popular Solano Trindade, fundado por seu avô, e hoje é presidente e diretor artístico da entidade. Vitor Trindade tem sete discos gravados e já viajou por quatro continentes através de seu trabalho. No seu estudo, ele defende o Ogan como sendo importante e fundamental para a música brasileira. “Ele é raiz da música brasileira e você irá encontrá-lo nos mais variados ritmos. Considero o Ogan como ponto de referência da música brasileira”, enfatizou.