No estudo de doutorado intitulado Futebol e cultura visual: a construção da figura do craque. Marcos Carneiro de Mendonça e Leônidas da Silva (1910-1942) a historiadora Diana Mendes Machado da Silva buscou compreender o processo de construção da figura do craque de futebol na primeira metade do século 20.
Com a orientação do professor Mauricio Cardoso, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, Diana explorou as trajetórias midiáticas de dois jogadores que foram os mais fotografados entre 1910 e 1942, Marcos Carneiro de Mendonça e Leônidas da Silva. Principal goleiro do Fluminense Football Club, Marcos Carneiro era branco e oriundo de altos segmentos sociais. “Ele representa o período do futebol amador e também atuou na seleção brasileira, entre 1910 e 1922”, lembrou a historiadora. Já Leônidas, negro e oriundo das classes populares, jogou entre 1930 e 1950. “Leônidas foi considerado o primeiro craque do futebol. Jogou no Clube de Regatas do Flamengo, no São Paulo Futebol Clube e também na seleção brasileira”, disse a pesquisadora.
A exposição midiática dos dois jogadores revela diferenças. Enquanto Marcos era fotografado em fotos “posadas”, o que era característico do futebol amador, Leônidas tinha sua imagem circulando em periódicos como O Globo Sportivo e O Cruzeiro, sobretudo após sua destacada participação na Copa do Mundo de 1938 e sua transferência para o São Paulo Futebol Clube, em 1942. “As imagens produzidas no futebol profissional mostravam mais os jogos em si e seus principais lances”, destacou Diana.