Na entrevista desta quinta-feira (20) nos Novos Cientistas, a historiadora Fernanda dos Anjos Casagrande descreveu sobre a sua pesquisa de mestrado, desenvolvida na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, intitulada Acervos do movimento negro na cidade de São Paulo: um olhar para os registros da luta negra.
Com orientação do professor Ivan Siqueira, Fernanda analisou documentos referentes à luta negra do período de 1904 a 1969 na cidade de São Paulo. O objetivo foi discutir a guarda e preservação de documentos a partir de especificidades da tipologia documental preservadas em instituições de custódia. Além da preservação dos acervos, a pesquisadora também teve a preocupação de contar a história desses acervos e como eles foram parar em algumas instituições. “Esse trajeto ajuda a contar outra história do movimento negro e a refletir sobre como se deu a construção de um discurso estereotipado de subalternidade e passividade. A história desses acervos ajudam a desconstruir essa ideia”, descreveu a pesquisadora.
Fernanda analisou três coleções de documentos: a coleção Jornais Negros Brasileiros – 1904-1969, pertencente ao Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP; a coleção Imprensa Negra, presente no Arquivo Público do Estado de São Paulo; e o Fundo Clóvis Moura, sob a guarda do Centro de Documentação e Memória da Universidade Estadual Paulista – Cedem/Unesp. Com as análises, Fernanda traçou uma abordagem descritiva e crítica que pretende delinear o panorama das condições de acesso a documentos do movimento negro e perfazer a mediação aos acervos analisando, de um lado, a constituição de fundos e coleções, e de outro, as políticas vigentes de guarda, preservação e acesso.