
O coronavírus, causador da doença Covid-19, alcançou o patamar de pandemia, de acordo com o pronunciamento da Organização Mundial de Saúde (OMS). Originada na China, a doença já chegou ao Brasil, com novos casos confirmados nos últimos dias. O governo da Itália, território mais afetado pela doença depois da China, colocou o país inteiro em quarentena para evitar maior propagação da doença. A ação do coronavírus, entretanto, vai muito além de uma questão de saúde pública, impactando diretamente na economia global.
Para conversar sobre o impacto do coronavírus no cenário internacional, O Diálogos na USP recebeu o professor João Paulo Cândia Veiga — professor do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e do Instituto de Relações Internacionais, também da Universidade de São Paulo –, e Maria Antonieta Del Tedesco Lins, professora do Instituto de Relações Internacionais da USP e Presidente da Comissão de Cooperação Internacional do Instituto de Relações Internacionais.
Como principal parceiro comercial do Brasil e com as atividades industriais ainda em processo de retomada, a China exerce grande influência na economia brasileira, como comenta o professor Veiga: “A China é um mercado de destino da soja, do minério de ferro e do complexo carnes, então a queda da atividade chinesa vai impactar o comércio exterior brasileiro. Vai ter uma contração no mercado de créditos das empresas e o consumidor brasileiro certamente vai perder um pouco de confiança, com queda da demanda e menos investimentos estrangeiros diretos.”
Na quinta-feira, dia 12 de março, a bolsa de valores brasileira, a B3, fechou com queda de 12%, acionando o circuit breaker por duas vezes, o que não acontece desde a crise de 2008. Ao comparar a crise atual com a crise de 2008, a professora compartilha: “Tem uma característica muito importante que é o fato de que, dessa vez, a crise começa do setor produtivo, e não do setor financeiro, e isso vai ter desdobramentos distintos e, portanto, isso é bom. O setor financeiro começando a crise, os efeitos podem ser muito mais nefastos sobre a economia mundial.”
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