Cientistas encontram solução para combater pesticidas nas folhas da laranja

Pesquisa mostra como as bactérias do gênero “Bacillus”, extraídas da superfície das folhas da laranja, podem ser eficazes para biodegradar dois pesticidas muito utilizados na agricultura brasileira: a Bifentrina e o Fipronil

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 24/09/2020 - Publicado há 4 anos
Novos Cientistas - USP
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Cientistas encontram solução para combater pesticidas nas folhas da laranja
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Nesta edição dos Novos Cientistas, de 24 de setembro, que teve a participação do jornalista Henrique Fontes, do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP, a entrevistada foi Juliana G. Viana, doutoranda do IQSC e autora de uma pesquisa em que estudou as bactérias do gênero Bacillus extraídas da superfície das folhas da laranja. As análises nos laboratórios do IQSC feitas por Juliana revelaram que esses microrganismos produzem enzimas capazes de biodegradar dois pesticidas muito utilizados na agricultura brasileira: a Bifentrina e o Fipronil.

Para comprovar a teoria, foram realizados inúmeros testes com diversas espécies de Bacillus extraídas de folhas de laranja de uma plantação em Tabatinga (SP), sendo colocadas em frascos que continham pequenas amostras dos agroquímicos. Após cinco dias de experimentos, alguns resultados chamaram a atenção: a bactéria Bacillus amyloliquefaciens conseguiu biodegradar 93% do Fipronil, enquanto a bactéria Bacillus pseudomycoides eliminou 88% da Bifentrina. “Elas promoveram reações de biodegradação dos pesticidas, mostrando potencial para eliminar tais agentes tóxicos lançados no meio ambiente. Essa atividade dos microrganismos representa uma importante função ambiental de remediação desses produtos,” afirmou Juliana.

Banidos na União Europeia, tanto o Fipronil como a Bifentrina são empregados no Brasil como inseticida e formicida em diversos tipos de plantações como em culturas de citros, tomate, batata, milho, arroz, soja, feijão, entre outras. Além de sua aplicação no campo, o Fipronil também é utilizado para matar pulgas e carrapatos em cães, podendo gerar riscos aos animais, se administrado incorretamente. Em abelhas, os dois produtos são capazes de atingir o sistema nervoso das polinizadoras e levá-las à morte, acarretando problemas não só para o ser humano, que perderia uma população de insetos responsável pela polinização de flores que produzem diversos tipos de alimentos, mas também para a economia.


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