O Ambiente é o Meio desta semana conversa com o biólogo e geógrafo Humberto Marotta, pesquisador e professor do Departamento de Geografia do Instituto de Geociências da Universidade Federal Fluminense (UFF). Especialista em biogeoquímica, ecologia dos ecossistemas aquáticos e ciclo do carbono, gases de efeito estufa e mudanças globais, Marotta fala sobre os lagos da Amazônia e a captura de carbono que realizam.
Os lagos e baías são ecossistemas lênticos, ou seja, “ecossistemas que têm menor turbulência e acabam acumulando os sedimentos de grandes áreas da bacia de drenagem”, adianta o professor. Os lagos são influenciados por grandes áreas, por isso Marotta diz que “eles são como arquivos da história, mostrando o que que acontece nessas áreas”.
Marotta menciona o estudo que levou uma equipe internacional de pesquisadores a investigar a retenção de carbono em lagos da Amazônia. “Esses ecossistemas são focos de biodiversidade, têm água, comida e determinados aspectos que são muito conhecidos, nós estudamos um deles que é a parte climática.” Os lagos, continua o professor, são importantes ao clima, porque estão associados a gases de efeito estufa que, “se liberados, aumentam a temperatura do planeta e, se sequestrados, podem, justamente, estarem guardados” e, com isso há a redução dessa quantidade de gases na atmosfera.
Os lagos da Amazônia recebem grande aporte de sedimentos que se acumulam nos solos. A matéria orgânica é carregada pela chuva e pela água de inundações na floresta, que acabam carregando essa biomassa para os lagos. “Nos lagos, parte dessa matéria orgânica continua sendo degradada. No entanto, parte dessa matéria orgânica é acumulada no fundo dos lagos, que a gente chama vulgarmente de lama, que acaba acumulando grandes quantidades de carbono.” Isso quer dizer que os lagos “guardam” a matéria orgânica que poderia causar o aumento de temperatura no planeta “e fazendo um serviço para nós”.
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