O Ambiente é o Meio desta semana conversa com o biólogo Carlos Joly, professor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), membro titular da Academia Brasileira de Ciências e da Academia de Ciências do Estado de São Paulo, e um dos criadores do Programa Biota/Fapesp. Especialista em Ecofisiologia vegetal e conservação da biodiversidade, Joly fala sobre a importância da Floresta Amazônica “em pé” para a manutenção do equilíbrio das funções ecológicas e da biodiversidade.
“A floresta em pé representa um gigantesco estoque de carbono”, antecipa o biólogo. Isso ocorre porque a Amazônia é responsável pelo equilíbrio climático da América do Sul e possui “um papel global” na quantidade de carbono na atmosfera. “A partir do momento em que a gente começa a desmatar e, principalmente, a desmatar queimando essa floresta, nós estamos jogando de uma maneira muito rápida e inesperada – dentro das modelagens climáticas já feitas – uma quantidade enorme de CO2 na atmosfera.”
A queima desse bioma, segundo Joly, traz prejuízos climáticos, além de “destruir uma biodiversidade que não chegamos a conhecer”. A maior parte do “nosso conhecimento é pontual, são algumas áreas onde nós tivemos coletas intensivas; algumas áreas onde tivemos coletas esporádicas e grandes áreas nunca coletadas”.
Conta o biólogo que, em quatro anos, o Brasil passou de grande protagonista positivo na área ambiental internacional para pária. “Passamos a ser vistos como aqueles que estão promovendo uma destruição inimaginável e que traz prejuízos para todo mundo, mas, principalmente, para o próprio Brasil”. Para o biólogo, a solução é “estancar o desmatamento” para entender os danos e poder restaurar a Amazônia. Outra medida apontada é melhorar a qualidade de vida dos amazônidas para que haja “um desenvolvimento com a floresta em pé.”
Ambiente é o Meio