O Ambiente é o Meio desta semana conversa com o ecólogo David Montenegro Lapola, pesquisador do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Autor contribuinte do sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e autor principal do Painel Científico da Amazônia (SPA), o especialista fala sobre um estudo do Cepagri que avaliou 993 áreas protegidas em todo o território nacional.
Lapola conta que o estudo começou com uma iniciação científica. O objetivo era “pegar todas as áreas protegidas no Brasil pertencentes ao SNUC, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação”, incluindo também terras indígenas que não são unidades de conservação, e relacionar as projeções de mudanças climáticas que o IPCC estava indicando para essas áreas.
“Com esse banco de dados feito, a gente partiu para a elaboração de um artigo”, continua Lapola, citando os desdobramentos do estudo ao informar que classificaram essas áreas protegidas com recomendação de tipos de ações para cada uma. A classificação, afirma o pesquisador, foi baseada em duas medidas, a de resiliência, que levava em consideração algumas características da área protegida; e a de dano observado sob a perspectiva de “magnitude de mudança climática que iria ser enfrentada por aquela área protegida”.
Para as áreas protegidas com resiliência alta e pouco atingidas por mudanças climáticas, os pesquisadores fizeram recomendações de uma estratégia de refúgio. Precisavam de monitoramento sem nenhuma intervenção maior. Já para as áreas protegidas com baixa resiliência e impacto pequeno das mudanças climáticas, foi recomendada uma estratégia de manutenção do ecossistema.
Os ecossistemas com resiliência alta, mas com previsão de serem atingidos fortemente por mudanças do clima, o estudo avaliou que o próprio ecossistema se adaptaria, “ principalmente, se ele tivesse boa conectividade”.
No último caso, áreas protegidas com baixa resiliência e previsão de impacto climático alto, os pesquisadores recomendaram as “transições facilitadas, com ações de intervenção mais ativas”, afirma.
Ambiente é o Meio