O podcast Ambiente é o Meio desta semana conversa com o biólogo Alexander Turra, professor titular do Instituto Oceanográfico da USP, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) e responsável pela Cátedra Unesco para Sustentabilidade dos Oceanos. Turra integra um grupo de pesquisa, juntamente com outros 50 pesquisadores, que estuda a importância da biodiversidade marinha, incluindo a biodiversidade, os ecossistemas e suas importâncias para a sociedade.
O professor comenta que a forma como essa biodiversidade vem sendo ameaçada ao longo tempo e a estimativa de como pode ser ameaçada no futuro contribuem para a definição de ações que garantam “o melhor dos dois mundos, um oceano limpo e um oceano que é utilizado de forma sustentável”. Esse é o grande foco do estudo, afirma Turra, que envolve muitas interfaces e, por isso, “a gente está falando de muitas importâncias e de muitas fontes de ameaça, de poluição, que vão potencialmente degradar e comprometer essas importâncias”.
De acordo com o professor, são cinco as grandes ameaças ao oceano: a poluição, considerando seus variados tipos; a degradação ou supressão de habitats; espécies exóticas que vêm para o Brasil, por exemplo, por meio de embarcações e “aqui elas se estabelecem e começam a causar problemas”; pesca excessiva; e as mudanças climáticas – elevação da temperatura da água, acidez da água do mar, elevação do nível do mar e eventos extremos de maior magnitude e frequência.
São problemas que ocorrem não só nos oceanos, mas na extensão continental brasileira. Os rios, garante o professor, “integram toda a malha continental e levam para o mar coisas muito importantes”, como sedimentos que vão para a praia e água doce que se mistura no manguezal, no estuário. Mas também levam lixo, esgoto e “um monte de coisa ruim”, observa o professor, alertando que há exageros na geração de resíduos nesse ambiente e no jeito que é explorado.
Como consequência, Turra fala em “uma série de possíveis comprometimentos”, não só sobre a biodiversidade marinha e dos serviços que ela presta, mas também sobre a “atividade humana que ocorre na costa”. Quando um ambiente já está fragilizado, adianta, e ainda é acometido por outros “agressores” – por exemplo, esgoto urbano, lixo e as mudanças do clima, “o ambiente não vai aguentar aquela mudança”.
O oceano precisa ser cuidado para aguentar as mudanças que já estão acontecendo e que ainda vão acontecer, avisa Turra, garantindo que compara as agressões oceânicas a uma luta e boxe, “aqueles socos no abdômen do adversário que vão fragilizando-o e de repente ele toma nocaute”.
Ambiente é o Meio