Ambiente é o Meio #45: Distúrbios climáticos fazem desaparecer espécies do rio Amazonas ainda nem descritas pela ciência

Pesquisa na Universidade Federal do Rio de Janeiro identifica que organismos marinhos que possuem condições ótimas de sobrevivência quando encontram o rio Amazonas não conseguem passar pela barreira de dispersão criada entre os organismos da costa brasileira, do Caribe e do golfe do México no norte do Atlântico

 06/07/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 13/07/2022 as 14:43
Ambiente é o meio - USP
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Ambiente é o Meio #45: Distúrbios climáticos fazem desaparecer espécies do rio Amazonas ainda nem descritas pela ciência
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O Ambiente é o Meio desta semana conversa com Gabriel Soares de Araújo, biólogo e pesquisador, doutorando na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que participa de estudo de observação do dinamismo da barreira de dispersão do rio amazonas e a grande quantidade de espécies que ainda não são descritas no Brasil.

O rio Amazonas nem sempre foi da maneira que conhecemos hoje, diz Araújo, durante sua evolução ganhou corpo chegando aos 6.992 quilômetros de comprimento, uma profundidade média de 50 metros e mudou sua trajetória, passando a correr em direção ao oceano Atlântico. O Amazonas joga cerca de 300 milhões de litros de água por segundo no oceano, sozinho é responsável por 20% das águas que chegam ao oceano Atlântico no mundo. “Com uma pluma de 30 metros de profundidade, organismos marinhos que possuem suas condições ótimas de sobrevivência, quando encontram o rio Amazonas não conseguem passar pela barreira de dispersão criada entre os organismos da costa brasileira, do Caribe e do golfe do México no norte do Atlântico.”

Segundo Araújo, a diversidade de espécies promovida pelo Amazonas é grande. Algumas espécies de organismos com menor mobilidade, como esponjas e algas calcárias, só existem nesse ambiente, não são encontradas em nenhum outro lugar do mundo.  Os peixes recifais existentes no rio passaram por diferentes adaptações ao ambiente criado, gerando espécies diferentes das encontradas em outras localizações do Atlântico. “No nosso estudo foram analisadas 110 espécies, sendo possível detectar, através da genética, pelo menos 15 no Brasil que são diferentes do Caribe, mas ainda não foram formalmente descritas pela ciência.”

As modificações dos ambientes estão ficando cada vez mais rápidas devido a distúrbios climáticos, o que gera um desequilíbrio nos ecossistemas, ocasionando a extinção de espécies que não têm tempo de se adaptar a esse novo ambiente. Mudanças climáticas como a temperatura dos oceanos e o derretimento das calotas polares aumentam os corredores dentro do oceano, fazendo com que espécies de uma determinada região consigam migrar para regiões diferentes, podendo gerar desequilíbrios nesse novo ecossistema.


Ambiente é o Meio

Produção e Apresentação: Professores Marcelo Marini Pereira de Souza e José Marcelino de Resende Pinto, ambos professores da FFCLRP
Coprodução e Edição: Rádio USP Ribeirão 
E-mail: ouvinte@usp.br
Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 107,9; ou Ribeirão Preto FM 107.9, ou pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS .
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