O podcast Ambiente é o Meio desta semana conversa com a bióloga Jarcilene Silva de Almeida, pesquisadora e professora do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Universidade de Sherbrooke, no Canadá. Especialista em ecologia vegetal, Jarcilene fala sobre a regeneração de florestas secas.
A professor conta que as florestas secas, dependendo da época do ano, são completamente cinzas, “mas a mesma floresta tem um esplendor de cores”, explica, falando sobre a Caatinga brasileira, ecossistema com plantas que perdem as folhas no período de seca devido à falta de disponibilidade hídrica. O longo período sem chuvas no Nordeste, onde o bioma está presente, leva a vegetação a “ter estruturas que vão armazenar a água”, citando as plantas suculentas como exemplo.
Jarcilene fala também sofre um artigo recém-publicado na revista Science que analisou florestas secundárias, como as florestas secas, e verificou que são capazes de sequestrar até 80% de carbono quando comparadas às florestas maduras. As florestas secundárias são aquelas que já sofreram algum tipo de intervenção humana e “surgem depois de algum tipo de perturbação”.
A regeneração natural, explica, demonstra a capacidade da floresta de “retornar a um ponto parecido com aquele antes de nós, seres humanos, chegarmos lá e fazer um uso abusivo”. De acordo com as comprovações do estudo, quando a perturbação é baixa ou média, a floresta se recupera rapidamente. E, mesmo nas florestas secas, sujeitas a baixa disponibilidade hídrica, a vegetação é capaz de se recuperar.
Assim como as florestas tropicais, de forma geral, as florestas secas, adianta a bióloga, “tem uma pressão do ser humano muito grande”, chamada de pressão antrópica. Principalmente em países em desenvolvimento, onde a população mora em florestas secas, essa pressão “aumenta mais ainda sobre essa floresta”, em razão de ações extrativistas. E, diz Jarcilene, “impressionantemente, nas últimas décadas, apesar do ser humano ter mais acesso ao conhecimento, mais pressão e devastação vem acontecendo”.
As consequências disso, “nós estamos vivenciando agora”, adverte a pesquisadora fazendo referência a pandemia de covid-19, com o “impacto ambiental causado pelo ser humano sem precedentes”. E alerta que a sociedade pode estar cada vez mais sujeita a outras pandemias e situações “pelas quais estamos sendo responsáveis”.
Ambiente é o Meio