USP e Instituto Moreira Salles firmam convênio

Iniciativa prevê ações conjuntas ligadas a pesquisas e extensão acadêmica, incluindo seminários e exposições

 24/02/2021 - Publicado há 3 anos     Atualizado: 25/02/2021 as 17:32
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O Instituto Moreira Salles, na Avenida Paulista, em São Paulo – Foto: PedroVannucchi/IMS

 

A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), o Museu de Arte Contemporânea (MAC) e o Museu Paulista – popularmente conhecido como Museu do Ipiranga -, através da Pró-Reitoria de Pesquisa da USP, acabam de firmar convênio com o Instituto Moreira Salles (IMS). A parceria prevê ações conjuntas, como projetos e linhas de pesquisa, organização de seminários, exposições, debates e cursos, troca de conhecimento sobre arquivos e acervos, entre outras, como informa a nota do instituto. Com duração de cinco anos, o convênio é aberto a todas as unidades da USP, contemplando as várias áreas do conhecimento, não só as culturais que perpassam as instituições proponentes, mas também as biológicas e exatas. Além disso, já estão programadas ações para este ano, como os encontros virtuais que vão discutir a Semana de Arte Moderna de 1922.

“Para uma instituição como a USP, que tem museus do porte do MAC e do Museu Paulista, o convênio com o Instituto Moreira Salles será fundamental para apoiar uma série de colaborações existentes entre as duas instituições. No universo dos museus da USP, já algum tempo, há interações entre a pesquisa realizada em nossos acervos e as atividades de documentação e curadoria do IMS”, afirma a professora Ana Gonçalves Magalhães, diretora do MAC. “Convênios dessa natureza são extremamente benéficos, pois endossam ações que acontecem naturalmente, como a participação de docentes da USP em seminários, oficinas e palestras, e abrem espaços para a realização de projetos de maior fôlego e com maior potencial de difusão”, diz Solange Ferraz de Lima, docente do Museu Paulista.

O Museu Paulista da USP, popularmente conhecido como Museu do Ipiranga – Foto: Francisco Emolo/Jornal da USP

 

A iniciativa surgiu de diálogos entre a biblioteca do IMS e integrantes do Grupo de Trabalho Imagem, Cultura Visual e História da Associação Nacional de História (Anpuh), estabelecido em 2003 e que congrega professores de várias universidades, incluindo a USP e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Segundo o professor Eduardo Augusto Costa, do Departamento de História da Arquitetura e Estética do Projeto da FAU e participante do grupo de trabalho, a ideia inicial era a constituição de um conjunto documental sobre a fotografia do século 20. Entre os objetivos estavam “pensar a articulação de pesquisas dentro das universidades públicas do Brasil e a pesquisa da produção bibliográfica fotografia/visual”, relata.

A partir de várias conversas, iniciadas em 2018, começou a se desenhar então um convênio entre as instituições. “É uma proposta que nasce de várias instituições e, ainda que tenha essa dimensão cultural que perpassa as proponentes, é aberta a todas as outras faculdades, até exatas e biológicas.” Além disso, como informa Costa, um convênio nos mesmos moldes foi firmado com a Unicamp, fortalecendo a parceria entre essas duas universidades públicas paulistas e criando uma espécie de triangulação ou rede. “O convênio permite os diálogos entre acervos, pesquisa e projetos de extensão”, reitera.

Diálogos e convergências

Segundo a diretora do MAC, “o IMS abriga aquele que é considerado o acervo mais precioso da história da fotografia no País, e há muitos pontos de convergência entre ele e nossas coleções”. Ana destaca o período de validade do convênio – cinco anos -, trazendo com ele um enorme potencial de divulgação de pesquisas e acervos do MAC. “Já há discussões anteriores para ao menos dois projetos que se beneficiarão do convênio: o primeiro se relaciona com o ciclo de debates em torno da Semana de Arte Moderna de 1922 (leia o texto abaixo) e o segundo diz respeito à possível realização de uma publicação sobre história da arte no Brasil, em fase ainda de definição”, antecipa.

O Museu da Arte Contemporânea (MAC) da USP – Foto: Cecília Bastos/Jornal da USP

 

Já o Museu Paulista possui um expressivo acervo fotográfico, com um perfil um pouco distinto daquele abrigado pelo IMS, mas também com muitos pontos de convergência no que tange aos desafios de tratamento e perspectivas de abordagem, como aponta a professora Solange. Ela cita como exemplo o seminário Aos Milhares, ocorrido em outubro do ano passado, no âmbito da exposição sobre o fotógrafo Peter Scheier, com curadoria de Heloisa Espada, em que se discutiram questões relativas à curadoria de acervos fotográficos massivos, com convidados de outros Estados do Brasil. Para ela, “o convênio incentivará iniciativas como essa, que vinculam a pesquisa e a difusão de conhecimento produzido a partir dos acervos preservados pelas instituições envolvidas”.

Na FAU, como conta o professor Eduardo Costa, há materiais iconográficos vinculados à biblioteca da unidade, ou seja, um conjunto de fundos documentais dedicados à arquitetura e urbanismo, e no IMS, por outro lado, há uma série de outros acervos visuais, ambos dialogando acerca da representação do Brasil, em vários aspectos. “O IMS inicia seu acervo com uma série de desenhos e pinturas sobre o País, de representações de viajantes do século 19 e algumas coleções de mapas. Mas a maior projeção vem dos seus acervos fotográficos, considerados conjuntos documentais muito relevantes para a nossa história, especialmente a partir de meados do século 19, quando a fotografia ganha cor, e a primeira metade do século 20, até a contemporaneidade”, informa o professor. E acrescenta: “A FAU tem muito interesse, especialmente, em estruturar pesquisas vinculadas a arquivos, seminários, publicações e propostas de pesquisas de médio e longo prazo. É uma porta que se abre a partir disso”.

A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

 

 

Encontros virtuais vão discutir a Semana de 22

A partir de 29 de março até 13 de dezembro, ocorrerá um ciclo de debates em torno da Semana de Arte Moderna de 1922, uma realização do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP e do Instituto Moreira Salles (IMS), que conta ainda com a parceria da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Serão 11 encontros virtuais, reunindo 41 convidados de todo o País para trazer novas perspectivas de abordagem do advento da arte moderna no Brasil, como informa a professora Ana Gonçalves Magalhães, diretora do MAC. Os encontros serão mensais, sempre às 18 horas, e cada um deles será composto de duas mesas-redondas, com dois convidados. Entre os temas estão identidade, urbanidade, as relações entre moderno e popular, outros centros de modernismo no Brasil, arte indígena, fotografia e cinema, arquitetura, artes do cotidiano, a formação de coleções e instituições e as relações entre arte e política na primeira metade do século 20.

“Para nós, esses encontros são entendidos, primeiramente, como oportunidade de reavaliar a centralidade da Semana de Arte Moderna, disseminar as novas pesquisas em torno dela e da arte moderna no Brasil, de modo que elas possam alcançar um público mais amplo. Além disso, eles serão fundamentais para preparar os programas que as três instituições envolvidas estão desenvolvendo para 2022”, comenta a diretora do MAC.

 


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