A Reitoria anunciou, no dia 19 de agosto, o Plano USP para o retorno gradual das atividades presenciais. O documento define protocolos, oferece recomendações e apresenta orientações aos gestores e aos membros da comunidade universitária para a viabilização progressiva das atividades acadêmicas e administrativas presenciais nos campi, que estão suspensas desde o dia 17 de março, por conta da pandemia da covid-19.
O anúncio foi feito no evento virtual Os desafios para uma volta segura aos campi da Universidade, transmitido pelo Canal USP, e que contou com a participação de quase 11 mil espectadores. “Nosso plano é flexível, apresenta as diretrizes básicas aos dirigentes e mantém nossa filosofia de adotar decisões compartilhadas e descentralizadas”, afirmou o reitor Vahan Agopyan.
Ainda em sua fala, Agopyan citou a importância da manutenção da excelência da Universidade, que é reflexo da autonomia universitária conquistada pela USP, Unesp e Unicamp há mais de trinta anos. “Temos que lutar pela nossa autonomia todos os dias, pois esta parece não ser bem compreendida pela sociedade”, disse ao comentar sobre o projeto de lei 529/20 apresentado pelo Governo do Estado à Assembleia Legislativa, que prevê uma série de “medidas voltadas ao ajuste fiscal e ao equilíbrio das contas públicas”; entre elas, algumas que afetam diretamente as universidades públicas paulistas e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). “O Cruesp [Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas] está discutindo o projeto de lei e estamos em contato contínuo com o Executivo e o Legislativo”, assegurou.
Cinco fases
O Plano USP foi elaborado pelo grupo de trabalho coordenado pelo vice-reitor Antonio Carlos Hernandes que tem atuado na elaboração do planejamento de readequação do ano acadêmico de 2020. “A essência do plano é a proteção e a preservação da saúde e da vida da nossa comunidade”, destacou Hernandes, no início de sua apresentação.
De acordo com o vice-reitor, o Plano USP, que se baseia parcialmente no Plano SP do Governo do Estado, é constituído por cinco fases, que vão de A a E, sendo a primeira a mais restritiva e a E classificada como “normal 2021”, quando se espera a retomada completa das atividades presenciais da Universidade e o retorno de toda a comunidade universitária. Para passar de uma etapa para outra, menos restritiva, o campus tem de permanecer em determinada fase por, pelo menos, quatro semanas.
Como as regiões do Estado encontram-se em níveis diferentes de contaminação e de registro de número de casos e óbitos, a flexibilização do retorno das atividades será adotada de forma diferenciada em cada campus da Universidade.
Atualmente, dos oito campi da USP, apenas o de São Paulo poderá retomar parcialmente suas atividades de forma imediata, privilegiando o acesso aos laboratórios de pesquisa. Caberá ao dirigente da Unidade de Ensino e Pesquisa a responsabilidade pela convocação dos servidores e pesquisadores que deverão trabalhar presencialmente e o número não deve ser superior a 30% do total de pessoal da área.
Hernandes ressaltou que o retorno é “facultativo, gradual e progressivo” e, para essa retomada, deverão ser adotados todos os protocolos de prevenção e redução de riscos. Para atender a essa demanda, a Reitoria irá disponibilizar para a comunidade 200 mil máscaras, 150 mil protetores faciais, álcool-gel 70% e sabonete líquido.
As aulas de graduação e de pós-graduação no segundo semestre continuarão a ser ministradas de forma remota e o teletrabalho deverá ser mantido sempre que possível. Clique aqui e acesse o documento.
Dinâmicas diferentes
O encontro também contou com a exposição do professor da Faculdade de Medicina e coordenador do grupo de trabalho USP Covid-19, Esper Kallás, que falou sobre a atual situação da pandemia. Segundo ele, o Brasil registra hoje, dia 19 de agosto, 3.411.872 casos e 110.037 mortes. No Estado de São Paulo, são 711.530 casos e 27.315 óbitos registrados. “Temos dinâmicas diferentes da disseminação na região metropolitana de São Paulo e nas cidades do interior”, explicou.
Em relação à tão esperada vacina, Kallás afirmou que 172 produtos estão em desenvolvimento no mundo e em fases diferentes dos ensaios clínicos. Seis deles encontram-se na fase 3, que é a última etapa de estudo antes da obtenção do registro sanitário e tem por objetivo demonstrar a sua eficácia. Somente após a finalização do estudo de fase 3 e obtenção do registro sanitário é que a nova vacina poderá ser disponibilizada para a população. Um desses seis produtos é a vacina Sinovac, cujos ensaios estão sendo conduzidos pelo Instituto Butantan.
Situação financeira
Outro assunto abordado no evento foi a situação financeira da Universidade, que foi apresentada pelo coordenador da Administração Geral (Codage), Luiz Gustavo Nussio.
Nussio explicou que, apesar de não haver perdas severas na arrecadação do ICMS e nos repasses do governo para a Universidade de janeiro a julho, o momento é de cautela, pois o cenário econômico atual é “volátil e incerto”. Nesse período, o total acumulado do comprometimento do orçamento com a folha de pagamento foi de 93,57%.
“Estamos com uma situação financeira controlada, mas há muita incerteza e não sabemos como o mercado vai reagir nos próximos meses. A Codage e a Comissão de Orçamento e Patrimônio estão fazendo o acompanhamento diário das informações econômicas junto aos órgãos do governo”, considerou o reitor.
Ao final do evento, os espectadores tiveram a oportunidade de enviar perguntas aos expositores.
Assista, a seguir, à íntegra do encontro.
https://www.youtube.com/watch?v=hBmFbpoPr9o&feature=youtu.be