Programas de pós-graduação da USP são contemplados com bolsas para estudantes negros

Sete programas de mestrado e doutorado da USP receberão bolsas de ação afirmativa, oferecidas pelo grupo Carrefour após acordo judicial com Ministério Público

 02/03/2023 - Publicado há 1 ano     Atualizado: 10/03/2023 as 16:56
Imagem: Pexels

 

Sete programas de pós-graduação da USP foram selecionados para receberem bolsas de estudo e permanência voltadas a estudantes negros, por meio do edital de chamamento público do Grupo Carrefour em parceria com o Ministério Público. As bolsas têm por objetivo ampliar a participação de alunas e alunos negros na graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado, tanto em instituições públicas quanto privadas. Serão ofertadas 305 bolsas para graduação, 223 para especialização, 304 para mestrado e 51 para doutorado em instituições de todo o Brasil.

Entre os programas contemplados, estão:

  • Doutorado e Mestrado em Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH);
  • Mestrado em Educação, da Faculdade de Educação (FE);
  • Mestrado em Gestão de Políticas Públicas, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH);
  • Mestrado em Mudança Social e Participação Política, também da EACH;
  • Mestrado em Administração, da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA);
  • Mestrado em Estética e História da Arte, programa de pós-graduação interunidades sediado no Museu de Arte Contemporânea (MAC).

As áreas escolhidas são aquelas com baixa representatividade de pessoas negras, como Medicina, Engenharia e Administração. A coordenadoria responsável por cada curso irá selecionar quantos e quais alunos receberão as bolsas, de acordo com seus próprios critérios de seleção e valores a serem recebidos.

Merllin de Souza é mestra e doutoranda em Ciências da Reabilitação pela Faculdade de Medicina da USP – Foto: arquivo pessoal

“As bolsas que pós-graduandas e pós-graduandos receberão por meio do edital público para ações afirmativas do Carrefour, além de proporem a mensagem de que no País não aceitaremos – e em nenhum momento seremos passivos em nossa sociedade com quaisquer tipos de racismos, e principalmente o estrutural, revela também a possibilidade de fornecer suporte financeiro acima dos valores que nós, pós-graduandas(os), recebemos via outros fomentos à pesquisa. Pois os valores serão de R$3,5 mil para o nível de mestrado e R$ 5 mil para o nível de doutorado”, afirma Merllin de Souza, representante discente de Pós-Graduandos(as) no Conselho de Pós-Graduação da USP e doutoranda em Ciências da Reabilitação na Faculdade de Medicina da Universidade.

 

Além da destinação do auxílio a estudantes negros, a própria escolha dos cursos contou com critérios que visam à inclusão e à diversidade: cursos com mais de 20% de alunos negros matriculados, pelo menos 20% de docentes negros e presença de grupos marginalizados, como imigrantes e quilombolas, pontuavam mais. Também cursos que historicamente são sub-representados pela população negra. Cerca de 30% das bolsas serão destinadas a estudantes negros do Estado do Rio Grande do Sul.

O pró-reitor de Pós-Graduação da USP, Márcio de Castro, explica que a Universidade criou um grupo de trabalho para propor uma série de ações, visando a sensibilizar os programas de pós-graduação da USP a adotarem suas próprias ações de inclusão e pertencimento. “Serão seis bolsas de mestrado e uma de doutorado, que visa a reparar danos morais coletivos e sinalizar para a importância da adoção de políticas públicas de inclusão”, afirma o professor.

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Ao todo, o Grupo Carrefour vai pagar 883 bolsas de estudos para estudantes negros, num total de R$ 68 milhões. A medida é parte do Termo de Ajuste de Conduta da varejista com o Ministério Público Federal, além das Defensorias da União e do Estado do Rio Grande do Sul, após três anos da morte de um cliente negro, dentro de uma das unidades do hipermercado. O Carrefour afirma que o objetivo é ampliar e estimular o acesso de estudantes negros na graduação e pós-graduação.

“A mensagem final que deixo, como pós-graduanda preta e que cursou o mestrado e cursa o doutorado recebendo bolsa de estudos é: a luta pela igualdade racial é de todas e todos, e as ações afirmativas para pessoas como nós, que estamos construindo e pintando o Brasil com a ciência e pesquisa em que acreditamos, reiteram a vigilância para que os racismos que ainda existem sejam eliminados com a mesma velocidade das reparações coletivas pelas quais o nosso povo negro luta cotidianamente”, afirma Merllin.

Confira a lista de instituições públicas e privadas contempladas pela iniciativa aqui.

 

Com informações de Brenda Fernandes, da Assessoria de Comunicação da FEA

 

 


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