
Em uma concorrida cerimônia realizada no Palácio dos Bandeirantes, no dia 14 de fevereiro, o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e ex-reitor da USP, José Goldemberg, recebeu o título de professor emérito da Universidade das mãos do reitor Marco Antonio Zago.
O evento contou com a presença do governador Geraldo Alckmin, além de dirigentes da USP, secretários de Estado, ex-ministros e outras autoridades.
A outorga do título de professor emérito a Goldemberg foi aprovada pelo Conselho Universitário, em sessão realizada no dia 4 de outubro do ano passado. A honraria é concedida a professores aposentados que se distinguiram por atividades didáticas e de pesquisa ou que tenham contribuído, de modo notável, para o progresso da Universidade. Este foi o 17º título de professor emérito concedido pela USP desde 1934.
“A USP teve, até hoje, 27 reitores e tem uma lista de 17 professores eméritos, desde a sua fundação. Ou seja, é mais fácil ser reitor da USP do que ser reconhecido com o título de professor emérito”, brincou o reitor Marco Antonio Zago no início de sua saudação a Goldemberg.

“Nosso homenageado ostenta desde hoje os dois títulos: foi reitor e agora se torna professor emérito. Quais são as características que levaram a esse duplo reconhecimento pelos colegiados da USP? Essas qualidades poderiam ser examinadas sob três dimensões diversas: as do cientista, do acadêmico e do homem público. Esses domínios não se confundem, e só raramente se sobrepõem em uma única pessoa. Nas poucas ocasiões em que ocorre a associação dessas qualidades, a sociedade tem uma oportunidade especial de ter um interlocutor que estabelece conexão da ciência, na sua concepção mais pura, com a vida dos cidadãos”, afirmou Zago.
O reitor destacou que “nos momentos de crise, sempre foram bem-sucedidos os governos que se apoiaram fortemente no conhecimento científico e progresso tecnológico. Em especial, aqueles que souberam dar liberdade à ciência e que incorporaram ciência e tecnologia como parte de sua estratégia de governo beneficiaram-se de seus produtos, que nem sempre amadurecem em curto prazo. É por isso que tenho imenso orgulho de dirigir uma das mais prestigiosas instituições do país, a Universidade de São Paulo, que busca seguir a mesma tradição de excelência acadêmica e pioneirismo de nossos fundadores, em 1934, fortalecida por pessoas como o professor Goldemberg”.
Atestado de maioridade

Em seguida, Goldemberg falou, em seu discurso, sobre sua gestão à frente da Reitoria da USP, no período de 1986 a 1990. “Como reitor da Universidade, tentei contribuir para o reerguimento da Instituição, seriamente afetada pelo período autoritário pelo qual o país passou, de 1964 a 1985. O evento de hoje me permite tentar olhar o passado com certa objetividade que a distância e a idade avançada permitem. O que tentei como reitor foi elevar o nível da Universidade para atingir melhor os objetivos para os quais foi criada em 1934”, considerou.
Outro ponto citado pelo homenageado foi sua contribuição para a conquista da autonomia administrativa e de gestão financeira e patrimonial das três universidades públicas paulistas. “Em 1988, junto com Paulo Renato de Souza, reitor da Unicamp, e Jorge Nagle, reitor da Unesp, negociamos com o governador do Estado [Orestes Quércia] uma nova sistemática de alocação e liberação de recursos: foi fixada, através do decreto de número 29.598, de 2 de fevereiro de 1989, uma porcentagem fixa do ICMS do Estado (8,4%), que era a média histórica dos três anos anteriores. As Universidades receberam, pela primeira vez, um atestado de maioridade e puderam dispor livremente dos seus recursos, fixar os salários dos docentes e funcionários e definir suas prioridades de investimento”, contou.
O governador Geraldo Alckmin ressaltou que aquela era “uma justa homenagem a um dos grandes cientistas do Brasil” e salientou sua atuação como presidente da Fapesp. “Desde que assumiu a presidência da Fundação, em 2015, a instituição expandiu o apoio a pequenas empresas inovadoras de tecnologia e, apenas no ano passado, aprovou 200 projetos”, disse.
O homenageado

Goldemberg é doutor em ciências físicas e professor emérito do Instituto de Física (IF) e do Instituto de Energia e Ambiente (IEE). Um dos maiores especialistas em energia no mundo, é conhecido defensor do uso de novas tecnologias para promover o desenvolvimento sustentável e detentor de vários prêmios internacionais na área.
Reitor da USP entre 1986 e 1990, foi presidente da Companhia Energética de São Paulo e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, ministro da Educação, secretário do Meio Ambiente da Presidência da República e secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, entre outros cargos. Desde fevereiro de 2014, ocupa como membro efetivo a cadeira nº 25 da Academia Paulista de Letras (APL).
(Fotos: Cecília Bastos)