A USP sediou pela primeira vez, nos dias 14 e 15 de abril, a reunião de reitores da Associação de Universidades Grupo Montevidéu (AUGM). O grupo existe há 18 anos, é formado por 22 universidades públicas de seis países da América do Sul – Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e Bolívia – e visa a contribuir para a melhoria da educação superior, com uma maior colaboração entre as instituições, e promover a sua interação com a sociedade, difundindo os avanços nas áreas do conhecimento que produzem.
“Essas universidades têm, juntas, cerca de 1 milhão de estudantes e 100 mil docentes, o que torna o grupo muito representativo para a educação superior sul-americana”, diz o uruguaio Rafael Guarga, secretário-geral da AUGM.
“Nas reuniões dos reitores da AUGM, definimos muito da cooperação e do trabalho das universidades que compõem o grupo”, explica o professor Victor Alfredo Britez Chamorro, reitor da Universidad Nacional Del Este, Paraguai. “Elas são importantes porque as pessoas que reunimos aqui, na verdade, representam o trabalho dos muitos milhares de docentes e estudantes de toda a região que colaboram conosco”, diz o reitor da Universidad de La República, do Uruguai, Rodrigo Arocena.
O grupo realiza três reuniões anuais, duas das quais com a presença dos reitores das universidades. Entre uma e outra ocorre a reunião entre representantes de cada reitor, denominados delegados assessores, que têm como objetivo ajudar na execução das decisões tomadas pelos reitores e preparar as atividades futuras do grupo.
Conferência
Antes da reunião, na parte da manhã, houve workshops abertos para diretores e representantes de unidades, no auditório das Colmeias, na Cidade Universitária. A reitora da USP, Suely Vilela, fez o discurso de abertura, no primeiro dia. Depois, Rafael Guarga fez um pronunciamento sobre as propostas do grupo para a Conferência Mundial de Ensino Superior, que será realizada em Paris no mês de julho. O professor Ernesto Gonzalez Enders, consultor acadêmico do Instituto Internacional para a Educação Superior na América Latina e no Caribe (Iesalc) da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), também esteve presente e falou sobre a proposta de criação de um espaço de encontro latino-americano e caribenho de educação superior.
A participação do Grupo Montevidéu na Conferência Mundial, em julho, foi um dos principais temas discutidos na reunião. Promovida pela Unesco, ela reunirá mais de mil participantes de todo o mundo. O objetivo é fazer um balanço das mudanças ocorridas desde a conferência de 1998 e fornecer uma base para a entidade definir as suas atividades a fim de promover uma educação superior com mais qualidade.
A atenção dispensada na reunião à preparação para a Conferência Mundial reflete a expectativa dos reitores de que o Grupo de Montevidéu cumpra ali o papel de defender melhores condições de educação na América Latina. “Esperamos que as universidades latino-americanas defendam com vigor e eloquência a ideia da educação como bem público social, como um grande esforço da sociedade para expandir a cultura e melhorar as condições de toda a gente, e não como mercadoria”, explicou o reitor Rodrigo Arocena.
“Temos na América Latina uma tradição importante de universidades com compromisso social, enfrentando a tendência predominante de comercializar a educação. Mas elas precisam se unir mais aos jovens e produzir mais conhecimentos vinculados à sociedade para que um dia em nosso continente todo mundo possa ter ensino superior. Essa é a maior expectativa, que ajudem a América Latina a ter um ambiente mais igualitário”, completa.
Também foram discutidos os critérios para a entrada de outras universidades no grupo. “Permitimos o ingresso por indicação ou pedido das universidades, mas agora isso está fechado até 2010. Vamos discutir os critérios de crescimento”, diz o professor Rubén Hallu, reitor da Universidade de Buenos Aires. A USP, que se juntou ao grupo no ano passado, foi a última universidade a ingressar e constituiu uma exceção. “O grupo estava fechado para novos membros, mas todos os reitores, conhecendo a importância da USP, concordaram em incorporá-la”, completa.
O reitor Victor Alfredo Britez Chamorro acredita que a reunião irá permitir “maior fluidez e um trabalho muito mais combinado entre as universidades membros. “Além disso, ver a participação ativa da USP no grupo é para nós algo maravilhoso”, completa.
Outras associações internacionais da qual a USP tomou parte a partir de 2005, além da AUGM, são a Agência Universitária de Francofonia (AUF), a Red de Macro Universidades de América Latina y el Caribe, a RedEmprendia, o International Forum of Public Universities, o Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras e o Grupo Tordesillas (2008).