Conselheiros relatam agressões sofridas por parte dos manifestantes

Professores foram agredidos por grupo de manifestantes que tentou impedir a realização da reunião do Conselho Universitário

 13/03/2017 - Publicado há 7 anos     Atualizado: 25/05/2017 as 15:50
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Protesto de Estudantes e Funcionários na Reitoria 073-17 Foto Cecilia Bastos 40
O diretor da FEA, Adalberto Fischmann (de gravata marrom), teve de ser escoltado por seguranças da Universidade

No dia 7 de março, um grupo de cerca de 200 manifestantes tentou impedir, de forma violenta, a realização da reunião do Conselho Universitário e a discussão sobre os Parâmetros de Sustentabilidade Econômico-Financeira da Universidade. A entrada dos conselheiros foi bloqueada e professores foram agredidos.

Com o impedimento, que incluiu a aplicação de cola, por parte dos manifestantes, nos cadeados dos portões que dão acesso ao prédio da Reitoria, a sessão do Conselho só teve início três horas depois do previsto e após a intervenção da Polícia Militar. Os parâmetros foram aprovados pelo colegiado máximo da Universidade depois de quatro horas de debates.

Um dos conselheiros mais agredidos pelos manifestantes foi o presidente da Comissão de Orçamento e Patrimônio (COP) do Conselho Universitário, diretor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) e decano [membro mais antigo do Conselho Universitário] da Universidade, Adalberto Américo Fischmann. “Naquele dia, por volta das 9h, fui até a Codage [Coordenadoria de Administração Geral da USP], para resolver algumas pendências, e alguns manifestantes já estavam rodeando o prédio da Reitoria e dificultando a entrada dos funcionários. Tive informações de que várias pessoas externas à USP, convocadas pelo Sindicato, estavam entre os manifestantes. Mas consegui entrar”, conta.

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Objetos foram arremessados pelos manifestantes

“Quando voltei à Reitoria, às 13h30, estava tudo trancado. Eu e outros conselheiros ficamos ao sol esperando uma oportunidade de entrar. Em dado momento, em uma dessas tentativas, fui até a frente do prédio da Reitoria. Nesse trajeto, os manifestantes me insultaram e me ofenderam em alto e bom som. Além de palavrões de toda a ordem, fui xingado de golpista, ladrão, bandido”, afirma.

Fischmann teve de ser escoltado pelos seguranças da Universidade. “Eles tiveram que, praticamente, me arrastar para um local seguro devido à agressividade dos manifestantes. Objetos foram arremessados em minha direção. Os seguranças me protegiam, tentando abrir caminho. Tudo isso foi muito lastimável, ainda mais porque esse movimento se apresenta como pacífico. Fiquei muito envergonhado com essa situação, em ficar exposto a esse tipo de agressão”, lamentou.

A diretora da Escola de Educação Física e Esportes de Ribeirão Preto (EEFERP), Maria das Graças Bomfim de Carvalho, também ficou impressionada com a violência dos manifestantes: “Participo do Conselho Universitário, com diferentes representações, desde 1976. Nesse período, já presenciei inúmeras manifestações. Mas, o que mais impressionou, nesta última, foi a agressividade dos manifestantes contra os conselheiros. Fomos cercados, empurrados e encurralados”.

Protesto de Estudantes e Funcionários na Reitoria 073-17 Foto Cecilia Bastos 20
Os conselheiros ficaram impedidos de entrar no prédio e tiveram de aguardar o início da reunião por mais de três horas

“Fala-se muito em democracia, no direito de ir e vir. Mas ali não havia espaço para o diálogo. Nosso sentimento era de impotência. Os manifestantes gritavam e nos xingavam. Uma violência psicológica, que se estendeu também à sessão, que foi um total desrespeito com o reitor, o vice-reitor e os demais conselheiros, que ficaram mais de três horas esperando o início da sessão do lado de fora do prédio”, continuou. E destacou: “A Polícia Militar só apareceu depois que os manifestantes nos agrediram, porque ali não havia ninguém que pudesse nos proteger”.

O diretor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC), Tito José Bonagamba, ressaltou que a presença da PM foi necessária para a realização da reunião. “Até o início das ações da PM, eu e a maioria de meus colegas conselheiros fomos continuamente assediados com palavras que, em um primeiro momento, não constituíram ofensas graves ou ameaças iminentes, mas que foram se intensificando e se agravando ao longo do tempo. Fomos cerceados do direito de ir e vir em segurança, ato fundamental em qualquer sociedade dita democrática. Porém, resistimos corajosamente e participamos da reunião, com o apoio da PM, da Guarda Universitária e de colegas da Reitoria, funcionários e docentes”.

(Fotos: Cecília Bastos / USP Imagens)


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