“Calouros são a renovação da Universidade”, afirma reitor em entrevista

Em entrevista do Jornal da USP, o reitor Marco Antonio Zago dá as boas-vindas aos novos alunos da Universidade, destaca as oportunidades de aprimoramento profissional e cultural proporcionadas pela academia e lembra sua trajetória como professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e, agora, reitor.

 27/02/2014 - Publicado há 10 anos
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Aos novos alunos da USP, o reitor Marco Antonio Zago afirma que estudar numa universidade pública de excelência exige comprometimento com os estudos, desenvolvimento da capacidade de trabalhar em equipe e esforço para substituir a rotina pela criatividade

Na entrevista a seguir, o reitor Marco Antonio Zago dá as boas-vindas aos novos alunos da Universidade, destaca as oportunidades de aprimoramento profissional e cultural proporcionadas pela academia e lembra sua trajetória como professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e, agora, reitor. Zago assumiu a Reitoria no dia 25 de janeiro passado, para um mandato de quatro anos. “O ingresso em uma universidade de excelência como a USP representa uma nova etapa de vida, em que se apresenta um mundo de oportunidades de conhecimento e descobertas no ambiente universitário”, afirma Zago.

Jornal da USP – Os calouros trazem uma nova luz e uma nova energia para os 80 anos da Universidade?
Marco Antonio Zago – Certamente. O ingresso de novos estudantes na Universidade representa a renovação e o enriquecimento mútuo, tanto dos calouros quanto da própria instituição.

Jornal da USP – Na sua avaliação, como eles podem aproveitar melhor a vida universitária? Qual a orientação que o senhor dá aos novos estudantes da Universidade?
Marco Antonio Zago – Os novos estudantes devem ter consciência de sua importância para a construção do processo universitário. O ingresso em uma universidade de excelência como a USP representa uma nova etapa de vida, em que se apresenta um mundo de oportunidades de conhecimento e descobertas no ambiente universitário. Isso exigirá, em contrapartida, o comprometimento com os estudos e com sua formação acadêmica, desenvolvimento da capacidade de comunicação e trabalho em equipe e esforço para substituir a rotina pela criatividade e inovação.

Jornal da USP – Como a Universidade incentiva a formação multidisciplinar dos estudantes?
Marco Antonio Zago – A USP busca a formação plena de seus alunos. Com esse objetivo, oferece oportunidades que transcendem seus cursos de graduação. Essas oportunidades vão desde a participação em projetos de pesquisa desenvolvidos pelos seus docentes, ainda no início da graduação, com bolsas institucionais e de agências de fomento, até atividades extracurriculares, nelas incluindo cursos de extensão, cultura e esporte. Na busca de aperfeiçoamento da formação multidisciplinar, as unidades de ensino e a Pró-Reitoria de Graduação deverão rever as estruturas de cursos e os currículos, procurando flexibilizá-los.

Jornal da USP – O duplo diploma é um projeto que os estudantes devem ter no horizonte?
Marco Antonio Zago – Trata-se de uma oportunidade que se aplica principalmente a alunos com bom desempenho acadêmico, pois nessa condição o aproveitamento é pleno, sem prejuízo da formação necessária para o seu futuro profissional. A qualidade da instituição estrangeira é outro aspecto importante a ser considerado, uma vez que essa ação envolve a participação em um ambiente acadêmico que deve contribuir para a sua formação.

Jornal da USP – Os estudantes devem estar atentos aos projetos de internacionalização da Universidade?
Marco Antonio Zago – A USP tem um grande conjunto de oportunidades e várias com as principais instituições acadêmicas do País e do exterior. A iniciativa, por parte dos alunos, de busca dessas oportunidades é sempre salutar. O processo de divulgação e as informações estão disponíveis nas páginas e escritórios internacionais das unidades e da agência da USP responsável pela cooperação.

Jornal da USP – Professor, muitas vezes os alunos entram e saem da Universidade sem saber o endereço dos nossos museus ou se eles são realmente da USP. O que fazer para que eles saibam mais sobre a importância do patrimônio público da USP e a dimensão dos seus acervos de arte e ciência?
Marco Antonio Zago – A USP oferece uma gama de atividades culturais e de extensão que precisa ser conhecida e explorada. A formação universitária plena deve fortalecer os elos entre as atividades de extensão, ensino e pesquisa, criando instâncias comuns de intercâmbio e difusão científica, cultural e artística, alimentadas pela produção dos núcleos de excelência, como os Núcleos de Apoio à Pesquisa e os próprios museus mantidos pela Universidade, por exemplo. Nesse processo, estarão envolvidas as quatro Pró-Reitorias, em especial a Pró-Reitoria de Graduação e a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária.

Jornal da USP – Como era a vida de calouro no tempo em que o senhor entrou na Universidade? Que sonhos tinha que hoje são realidade na USP?
Marco Antonio Zago – Em primeiro lugar, a USP cresceu enormemente. Além disso, a comunicação com o mundo, a globalização, tornou-se parte do nosso dia a dia. Naquela época, não havia internet e mesmo a comunicação telefônica era muito precária. Apesar do isolamento em um campus do interior, hoje percebo que tínhamos uma vida universitária plena, que não era provinciana. Além do mais, aquela era uma época em que a Universidade era uma trincheira contra a ditadura. Hoje vivemos em uma democracia. Este ano, completo 50 anos de minha chegada à Universidade e, desde então, a USP e a minha família têm sido os dois focos de minha vida.

Jornal da USP – O senhor imaginava que um dia estaria à frente da Universidade?
Marco Antonio Zago – Por muitos anos, atuei na linha de frente, dava aulas de graduação todos os dias, fiz atividades de extensão, acompanhava e organizava ambulatórios para atendimento de pacientes. Depois fui diretor clínico do Hospital das Clínicas, em Ribeirão Preto; ao mesmo tempo, fui criando um grupo de pesquisa que foi se expandindo, estabeleci laços de colaboração no exterior. E, finalmente, dediquei-me mais às atividades próprias da carreira universitária. Prestei um concurso de professor titular, que foi bastante concorrido, vim a ser chefe do Departamento de Clínica Médica, que é o maior departamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, com uma história muito importante. Depois, assumi responsabilidades em relação à questão da política científica. Fui presidente do CNPq, e isso me deu uma perspectiva diferente em relação à vida universitária: uma coisa é ter atuado na frente de batalha, outra é atuar mais na organização da política científica. Mas tarde, vim a ser pró-reitor de Pesquisa da USP, o que deu uma visão muito ampliada do que é a Universidade, da sua complexidade, do imenso capital que ela tem, tanto físico, de infraestrutura, quanto de pessoas. O conjunto disso tudo me levou, naturalmente, a ampliar aquela visão que eu tinha da Universidade, tratando só do ponto de vista da pesquisa, para as outras áreas. E a posição natural para fazer isso seria a de reitor. Claro que muito mais cedo na vida eu não teria tomado essa decisão, porque naquele momento eu estava muito mais envolvido com as atividades do dia a dia da vida universitária.

(Jornal da USP, edição nº 1023, 24 de fevereiro a 2 de março/2014)


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