Justiça climática, educação ambiental e bioeconomia serão temas do terceiro dia do USP Pensa Brasil
Txai Suruí, Carlos Nobre, Carina Pimenta, Jacques Marcovitch, Mary Helena Allegretti, Patrícia Iglecias e Rachel Andriollo Trovarelli estão entre os participantes das atividades do terceiro dia do “USP Pensa Brasil”
Fotomontagem Jornal da USP feita com imagens de geralt/Pixabay e nattanan23/Pixabay
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Às 14h, será realizada a mesa Mudanças Climáticas e Justiça Ambiental, que coloca em pauta o agravamento das desigualdades sociais em razão de fatores ambientais, especificamente, fatores ligados ao clima. A reflexão ocorrerá a partir da contribuição de participantes que atuam em áreas relacionadas à questão:
- Patrícia Iglecias é superintendente de Gestão Ambiental da USP, professora da Faculdade de Direito (FD) da Universidade, codiretora do Escritório Regional do Pacto Global das Nações Unidas (Cidades do Brasil) e ex-secretária de Meio Ambiente do Governo do Estado de São Paulo;
- Carlos Nobre é pesquisador colaborador do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, professor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), membro da Academia Brasileira de Ciência (ABC), coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas e presidente do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas;
- Junior Aleixo é pesquisador do Grupo de Estudos sobre Mudanças Sociais, Agronegócio e Políticas Públicas (Gemap), coordenador de pesquisa e dados do Centro Brasileiro de Justiça Climática, o primeiro dedicado exclusivamente às populações negras e afrodescendentes no Brasil;
- Rodrigo Gravina Junqueira é analista de Pesquisa Socioambiental do Instituto Socioambiental e tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia Rural.
O debate contará com a mediação de Denise de La Corte Bacci, que é professora do Instituto de Geociências (IGc) da USP e pesquisadora do Laboratório de Pesquisa Governança Ambiental (GovAmb), do Grupo de Estudos e Pesquisas em Formação de Educadores e do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Patrimônio Geológico e Geoturismo da USP.
Uma das responsáveis pela programação na Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PRPG), Tania Pereira Christopoulos explica que o debate é uma oportunidade para “a PRPG lançar mão da competência de seus programas de pós-graduação para participar do debate sobre o País e contribuir com reflexões e propostas para a sustentabilidade, originadas no seu corpo docente e discente”. Tania também é professora do curso de Marketing da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP e coordenadora do Programa de Mestrado e Doutorado em Sustentabilidade.
Bioeconomia para quem?
Às 18h30, o ex-reitor da USP e professor da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP, Jacques Marcovitch, juntamente com o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Adalberto Val, apresentarão o livro Bioeconomia para quem? Bases para um desenvolvimento sustentável na Amazônia.
Dividido em cinco partes que se voltam aos diferentes setores de atividades desenvolvidas na Amazônia e suas dimensões sociais, o livro é composto de 12 ensaios que refletem sobre quem seriam os beneficiados com a bioeconomia desenvolvida na maior floresta tropical do planeta. O texto que finaliza a obra apresenta uma questão de ouro para as discussões sobre o clima: “Como salvar vidas e conservar a natureza?”.
Os textos foram escritos por mais de trinta acadêmicos que uniram seus conhecimentos no projeto de pesquisa Bioeconomia: estudo das cadeias de valor na Amazônia, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Os organizadores integram a equipe de pesquisadores do projeto e estão envolvidos com estudos e iniciativas na área do clima e meio ambiente. Desde 2002, Jacques Marcovitch pesquisa as políticas de implantação da Convenção do Clima, com ênfase na redução dos gases de efeito estufa na atmosfera. Já Adalberto Val é biólogo, estudioso das adaptações biológicas relativas às mudanças ambientais e membro do Inpa, desde 1981.
Publicado pela Editora Com-Arte, o livro foi lançado em junho deste ano em um evento na Universidade Federal do Pará e está disponível no Portal de Livros Abertos da USP.
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A temática da bioeconomia volta a ser discutida às 19h30, no seminário Bioeconomia e Sustentabilidade, que deve apresentar experiências e políticas de inclusão social e sustentabilidade. Ao tratar as áreas a serem protegidas como espaços de interação entre a natureza e a sociedade, a preservação e a inclusão social podem ser associadas, por meio de oportunidades de atividades sustentáveis que atendam às comunidades locais, como alternativas aos negócios extrativistas.
Jacques Marcovitch é um dos participantes e terá a companhia de Carina Pimenta, secretária nacional de Bioeconomia, que se dedicou à construção de novas soluções e alianças nas áreas de finanças de impacto socioambiental, desenvolvimento de negócios comunitários e acesso a mercado; Mary Helena Allegretti, presidente do Instituto de Estudos Amazônicos, que é reconhecida por sua atuação em defesa da Amazônia e dos direitos das populações tradicionais e foi pioneira na criação de reservas extrativistas, tendo trabalhado ao lado de Chico Mendes e outros líderes seringueiros; e Txai Suruí, uma ativista indígena brasileira do povo Paiter-Suruí, conhecida por sua atuação na defesa dos direitos indígenas e na preservação da Amazônia, fundadora do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia e uma voz destacada em fóruns nacionais e internacionais sobre questões ambientais e de direitos humanos.
A mediação será feita por Herton Escobar, repórter especial do Jornal da USP, que é especializado em Ciência e Meio Ambiente. Escobar foi repórter do jornal O Estado de S. Paulo, de 2000 a 2018, e publicou mais de 2 mil reportagens sobre uma grande variedade de temas ligados à ciência, tecnologia, inovação e políticas científicas e ambientais.
O Espírito da TV
Antes do seminário, haverá a exibição do documentário O Espírito da TV, que apresenta a reação do grupo indígena Waiãpi ao se ver na televisão. Os Waiãpi só entraram em contato com o homem branco em 1973, durante a construção da rodovia Perimetral-Norte no Amapá.
O documentário de 18 minutos é resultado do projeto Vídeo nas Aldeias, financiado pela ONG Centro de Trabalho Indigenista com o objetivo de fortalecer as culturas e identidades indígenas e registrar os instantes de confrontações entre os modos de pensar e viver dos povos tradicionais. Participaram do projeto o cineasta e indigenista Vincent Carelli, junto com Virgínia Valadão e outros antropólogos. O documentário foi roteirizado por Dominique Gallois, antropóloga belga especialista no povo Wajãpi e professora do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.
O projeto Vídeo nas Aldeias posteriormente se transformou em uma ONG que promove o ensino da produção cinematográfica em comunidades indígenas. É fomentada pelo Programa Cultura Viva do Ministério da Cultura do Brasil.
Universidade como participante e uma interlocutora
Esta é a terceira edição do USP Pensa Brasil, que, desde a sua primeira edição, realizada em 2022, procura tornar a Universidade uma participante e uma interlocutora mais ativa das questões fundamentais do nosso País e do mundo. A iniciativa é da vice-reitoria da USP, por meio da coordenadora-geral do evento, Maria Arminda do Nascimento Arruda, e conta com o apoio das Pró-Reitorias, museus e institutos da Universidade.
Todas as atividades são gratuitas, abertas aos interessados em geral e fornecem certificados de participação aos inscritos. A programação completa do evento e mais informações estão disponíveis no site do USP Pensa Brasil.
Clique neste link para conferir a transmissão.
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