Enrique García assume a Cátedra José Bonifácio da USP

O economista boliviano substitui a ex-presidente da Costa Rica, Laura Chinchilla

 03/04/2019 - Publicado há 5 anos
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Luiz Enrique García Rodriguez é o novo titular da Cátedra José Bonifácio – Foto Marcos Santos/USP Imagens

O economista boliviano Luis Enrique García Rodríguez tomou posse ontem, dia 2 de abril, como novo titular da Cátedra José Bonifácio. A cerimônia foi realizada no Auditório István Jancsó da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin e contou com a presença de dirigentes, pesquisadores, intelectuais e representantes do corpo diplomático.

García é o sétimo titular da Cátedra e substitui a ex-presidente da Costa Rica, Laura Chinchilla, que não pode comparecer na cerimônia, mas recebeu os agradecimentos e as homenagens pelo trabalho desenvolvido durante o ano passado.

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Economista boliviano Enrique García assume Cátedra José Bonifácio

Presidente do Banco de Desenvolvimento da América Latina de 1991 a 2017, García foi ministro do Planejamento e Coordenação e chefe do Gabinete Econômico e Social da Bolívia entre 1989 e 1991. Ocupou o cargo de subsecretário de Planejamento e foi membro da diretoria do Banco Central boliviano de 1975 a 1978. Por 17 anos, trabalhou no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

No campo acadêmico, foi professor da Universidad Mayor de San Andrés e na Universidad Católica de La Paz, ambas na Bolívia. Atualmente, é professor visitante da London School of Economics e da Universidad de Havana, em Cuba.

“É um privilégio poder trabalhar nessa grande Universidade, em contato com os colegas catedráticos, com os pesquisadores e com a juventude, analisando de forma profunda e crítica o desenvolvimento da América Latina e identificando nossas forças e, principalmente, nossas fragilidades”, disse García em seu discurso de posse.

[Da esq. p/ dir.] O reitor Vahan Agopyan; o coordenador da Cátedra, Pedro Dallari; o presidente do Santander Universidades, Steve Assis; o ex-catedrático Enrique Iglesias; o catedrático Enrique García; e o presidente da Edusp, Lucas Antonio Moscato – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
O novo catedrático falou sobre as variações políticas e econômicas que transformaram a América Latina nas últimas décadas e lembrou que “os países latino-americanos tendem a sempre se inclinarem para os extremos, quando deveríamos procurar os pontos intermediários, os pontos que se aproximam da realidade”.

“O crescimento que tivemos refletiu também em um impacto social, com significativa redução da pobreza e um incremento nas classes médias. Mas a partir de 2013, o otimismo desmedido cedeu lugar a uma realidade bem diferente, com índices de crescimento muito baixos. A pergunta agora é o que devemos fazer para desenvolver economicamente a região, melhorando também os indicadores sociais?”, refletiu García.

Entre os assuntos propostos para este ano estão áreas críticas como infraestrutura, logística, capacitação dos jovens para trabalhar no mundo atual, transparência nas instituições, tecnologia e inovação. “A América Latina, assim como o mundo todo, está vivendo uma grande transformação. Estamos presenciando um momento em que tudo o que parecia estabelecido – como, por exemplo, a globalização, o livre comércio e o multilateralismo – começa a apresentar variações. Por isso, devemos pensar em como conciliar o equilíbrio macroeconômico, a eficiência econômica, a inclusão social e o equilíbrio ambiental, temas que exigem comprometimento dos governos e planejamento de longo prazo”, explicou o economista.

O discurso de saudação a Enrique García foi feito pelo ex-catedrático Enrique Iglesias, que comandou a Cátedra em 2014.

Lançamento

Durante a cerimônia também aconteceu o lançamento do livro “Democracia, Liderança e Cidadania na América Latina”, coordenado por Laura Chinchilla, que reúne os trabalhos resultantes das discussões e atividades realizadas em 2018.

Esse é o sexto volume da série Cátedra José Bonifácio que já soma 120 artigos de especialistas e convidados pelos catedráticos sobre temas de interesse da América Latina e da Península Ibérica. A versão digital dos seis livros já está disponível no Portal de Livros Abertos da Editora da USP (Edusp).

Coleção completa de livros produzidos pela Cátedra

“A Cátedra está fortalecendo a presença da USP na América Latina a partir de uma reflexão mais sofisticada que ultrapassa a simples análise da conjuntura e das políticas públicas e começa a ter um engajamento mais efetivo com os agentes de transformação”, explicou o coordenador da Cátedra, Pedro Bohomoletz de Abreu Dallari.

O reitor Vahan Agopyan encerrou a cerimônia ressaltando que “o sucesso da Cátedra José Bonifácio serviu de modelo para a criação de outras cátedras na Universidade”.

“Além da forte integração com os alunos, que desenvolvem pesquisas e têm a oportunidade de discutir os temas com especialistas externos à Universidade, um aspecto muito importante dessa cátedra é a regionalização. Finalmente estamos nos unindo e vencendo um distanciamento incompreensível que existia entre os países da Ibero-América. Estamos trazendo para a Universidade uma discussão mais intensa sobre os problemas similares que enfrentamos”, afirmou o reitor.

Cátedra José Bonifácio

Laura Chinchilla – Foto: Cecília Bastos / USP Imagens

A Cátedra é uma iniciativa do Centro Ibero-Americano (Ciba), núcleo ligado à Pró-Reitoria de Pesquisa e ao Instituto de Relações Internacionais (IRI), que convida uma personalidade do mundo ibero-americano para ministrar atividades acadêmicas na USP durante um ano letivo. Os convidados desenvolvem pesquisa na Universidade, na temática referente à sua especialidade. Além disso, são realizadas conferências abertas à comunidade e, até mesmo, específicas para docentes e discentes.

O primeiro titular da Cátedra foi o ex-presidente do Chile, Ricardo Lagos, que tratou do tema “O desenvolvimento da América Latina e a governança internacional” durante o ano de 2013. Lagos foi sucedido pelo secretário-geral da Secretaria-Geral Ibero-Americana, Enrique Iglesias (2014), pela escritora e integrante da Academia Brasileira de Letras Nélida Piñon (2015), pelo ex-primeiro-ministro da Espanha Felipe González Márquez (2016), pela embaixadora do México no Brasil Beatriz Paredes (2017) e pela ex-presidente da Costa Rica, Laura Chinchilla (2018).


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