A universidade reage ao negacionismo

Editorial do “Estadão” repercute artigo de pró-reitores de Pesquisa da USP, Unesp e Unicamp publicado no “Jornal da USP”

 16/11/2021 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 18/11/2021 as 15:37

O jornal O Estado de S. Paulo repercutiu, no editorial “A universidade reage ao negacionismo”, publicado no dia 15 de novembro, o artigo dos pró-reitores de Pesquisa da USP, Unesp e Unicamp, Sylvio Canuto, Edson Botelho e João Romano, respectivamente, divulgado pelo Jornal da USP. Leia, a seguir, a íntegra do texto.

A universidade reage ao negacionismo

“Reagindo às sucessivas medidas tomadas pelo governo Bolsonaro nos campos do ensino, da ciência e da pesquisa, com o objetivo de desmontar o conjunto de políticas públicas que o País construiu nessas áreas ao longo das últimas décadas, os pró-reitores de Pesquisa das três universidades públicas paulistas lançaram um documento propondo à sociedade que comece a discutir o quanto antes um projeto de ciência para o Brasil.

Embora não tenham mencionado o nome de Jair Bolsonaro nem seu desprezo pela ciência, os pró-reitores de Pesquisa da USP, da Unicamp e da Unesp lembraram que o desenvolvimento econômico brasileiro se deve a agências de fomento e órgãos públicos, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Ao lado do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), essas agências e órgãos hoje se encontram com sua sobrevivência ameaçada pela asfixia financeira que lhes tem sido imposta.

Os pró-reitores de Pesquisa da USP, Unicamp e Unesp mobilizaram-se para preservar programas científicos

‘Vivemos hoje do que foi plantado no passado. Devemos muito aos órgãos estratégicos do País, cada qual em sua função. Hoje, o plantel de cientistas do Brasil permite almejar um avançado plano de desenvolvimento científico e tecnológico à altura de nossas necessidades. É uma hora crítica para investir, para não perdermos o avanço conquistado nem a capacidade e competência já instaladas. Não é hora de estagnar, menos ainda de andar para trás. Pesquisas descontinuadas nem sempre podem ser retomadas sem custos desproporcionais. A ciência não avança com sobressaltos e incertezas financeiras. É necessária a estabilidade conferida por um planejamento de médio ou longo prazo’, disseram, após acusar os cortes orçamentários impostos pelo governo de ‘sufocar o futuro’.

A iniciativa dos pró-reitores de Pesquisa das universidades públicas paulistas não poderia ser mais oportuna.

Afinal, se no campo econômico os crescentes cortes orçamentários vão acarretando perda de competitividade do País num período em que as disputas no âmbito do comércio mundial são cada vez mais acirradas, no campo geoestratégico a incapacidade de compreender que ciência é progresso e poder vai convertendo o Brasil em protagonista menor nas discussões nas relações internacionais.

Igualmente, se no campo político o menosprezo do governo pelo avanço do conhecimento de ponta impede a formulação de programas científicos capazes de viabilizarem um projeto futuro de nação, no plano social o desprezo pela educação e pela pesquisa tende a comprometer a formação de capital humano de que o Brasil precisa para crescer, tornando a sociedade mais pobre e ainda mais desigual.

A ciência sempre foi um dos fatores mais importantes do crescimento de longo prazo dos países. Neste momento em que o País está perdido, em termos de política da ciência, tecnologia e inovação, a iniciativa dos pró-reitores de Pesquisa da USP, da Unicamp e da Unesp merece aplauso.”

 

(Editorial publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo, em 15/11/21)

 


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