ESPECIAL CONSCIÊNCIA NEGRA

20 de novembro é de Palmares

Para lembrar que vidas negras sempre importam

Arte sobre fotos de Marcos Santos/USP Imagens

O Jornal da USP traz, nesta página especial, sua pequena colaboração para marcar o 20 de Novembro. Entre os conteúdos, o artigo do professor Kabengele Munanga nos dá uma breve e valiosa aula sobre o sentido simbólico e político da data. Ele resgata os motivos da escolha que evoca a luta de Zumbi dos Palmares – e não do 13 de Maio, que coloca foco em uma discutível (porque mais burocrática do que efetiva) abolição da escravidão. Ricardo Alexino dá continuidade ao debate, criticando o fato de que algumas Câmaras de Vereadores querem anular a data e o feriado, proposta no mais das vezes encampada por cidadãos que não são negros.

Relatos dolorosos, mas indispensáveis, fazem parte das reportagens que têm como tema pesquisas acadêmicas sobre o racismo, sutil ou escancarado, em diferentes contextos. Pesquisas essas que, corretamente, buscaram ouvir a voz de quem convive dia a dia com o preconceito em diferentes instâncias. Seja no mercado de trabalho, como mostra a série de vídeos sobre executivos negros; seja nos serviços de saúde, como nos apontam os chocantes depoimentos, cartunizados na reportagem sobre o cotidiano destes locais. Ou então, de forma ainda mais cruel, nas ruas da periferia de São Paulo, onde 77% dos jovens assassinados são negros, como informa uma pesquisadora do tema entrevistada em vídeo. Ela mesma negra e moradora da periferia, onde já esbarrou em corpos que levam na pele sua cor e, talvez por isso, diz, encarados com menos espanto que deveriam por uma sociedade que parece ter naturalizado a tragédia.

A arte e a cultura negras também são destacadas, cada vez mais distanciando-se das margens e do esvaziamento político que, por vezes, a elas já se tentou impor, para ocupar cada vez mais o papel central – e de resistência – que lhes cabe. Seja nas telas, nos auditórios ou em um dos seus palcos mais relevantes, as escolas.

Colocando-se como participante desta realidade – e não mera espectadora – a Universidade abre-se para uma necessária autorreflexão na reportagem sobre os docentes negros. Ainda que uma positiva mudança já comece a ocorrer no corpo discente, mais diverso após as modificações no sistema de ingresso na graduação, o corpo docente ainda está longe de uma realidade mais diversa: de seus 5.820 professores ativos, apenas 129 se autodeclaram pretos ou pardos, pouco mais de 2% do total. O Jornal da USP foi conhecer a trajetória de alguns deles.


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