Pesquisadores e especialistas enaltecem a história de pessoas negras na educação brasileira

Iniciativa explora pesquisas feitas na USP e analisa as políticas públicas de inclusão da população negra na educação brasileira

 18/10/2022 - Publicado há 2 anos
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Pesquisadores da FE USP irão analisar e discutir dissertações e teses  sobre educação no Brasil – Foto: Katerina Holmes/Pexels

 

Nos dias 20 de outubro e 24 de novembro, a Faculdade de Educação (FE) da USP promoverá o evento História das pessoas negras na educação brasileira. No programa, palestras de pesquisadores dedicados ao tema sob a mediação da professora de História da FE, Maurilane Biccas. Para participar, é necessário se inscrever por este link. O evento acontece de forma on-line e terá transmissão pelo Google Meet, que será informado por e-mail apenas aos inscritos. A programação será gravada e disponibilizada posteriormente no canal de YouTube da FE

A ação faz parte do Niephe Convida, do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em História Educação (NIEPHE), coordenado pelas professoras Maurilane Biccas e Diana Vidal, junto a pesquisadores da FE. O grupo analisa e discute dissertações e teses sobre a educação no Brasil. O objetivo do encontro é iniciar as discussões para o 20 de novembro, quando será comemorado o Dia da Consciência Negra.

De acordo com os organizadores, o encontro também antecipa a comemoração dos 20 anos da Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e africana na educação nacional. “É uma temática que, nesses últimos quatro anos, desapareceu, porque não teve nem uma continuidade de nenhum projeto de governo”, afirma Maurilane. “É também um balanço de pesquisa, de pensar as políticas públicas e de levantar as práticas que foram efetivas ou não”, complementa.

Programação

Maurilane Biccas – Foto: Reprodução/FE-USP

No dia 20 de outubro, das 14 às 17 horas, História das pessoas negras na educação brasileira traz um balanço do campo e da trajetória de pesquisa, com a professora Surya Aaronovich, da FE. A docente fará uma abordagem dos trabalhos acadêmicos que vêm sendo desenvolvidos em institutos de pesquisa e espaços universitários sobre a presença negra na educação. Para isso, Surya usará como base seu livro A história da educação dos negros no Brasil, publicado em 2016, em parceria com o professor Marcus Vinícius Fonseca. A obra reúne 16 artigos de pesquisadores e discute as políticas públicas, o conteúdo ensinado em livros didáticos, o currículo trabalhado nas escolas, as metodologias de ensino, a formação docente, entre outros assuntos que buscam repensar e combater a escola como produtora e reprodutora de desigualdades raciais. O livro está disponível em PDF neste link.

Além disso, entre os projetos analisados, Surya apresenta seu tema de doutorado: Universo letrado, educação e população negra na Parayba do Norte (século XIX), em que ela analisou a dificuldade de pessoas negras ingressarem nas escolas, mesmo diante do processo de expansão da escolarização naquela região. A pesquisadora também investigou as diferenças de tratamento jurídico entre pessoas brancas e negras no Brasil Império.

No dia 24 de novembro, das 14 às 17 horas, o evento se encerra com a professora Maria Ângela Borges Salvadori, da FE, falando sobre Capoeiras e malandros: uma dissertação e seu tempo. A professora vai explicar os significados da capoeira e da música popular enquanto resistência e contradição de pessoas negras em um contexto de falta de direitos, dignidade e cidadania. Para a discussão, Maria Ângela usará seu livro intitulado Capoeiras e Malandros: Pedaços de uma Sonora Tradição Popular (1890-1950), que está disponível neste link.  

O evento iniciou as atividades no dia 29 de setembro, discutindo sobre Padre Vitor: um educador negro entre a escravidão e a santidade

Nesse encontro, o pesquisador Marcus Vinícius abordou a trajetória de Padre Vítor, um homem negro que nasceu livre, em 1827, no sul de Minas Gerais, e que seguiu atuando como padre e professor. Após sua morte, houve um processo de canonização de sua imagem como um ex-escravo que atingiu a santidade. Marcus analisa a situação entre escravidão e santidade como algo contraditório e busca retomar a formação de Vítor para ressignificar sua trajetória no Brasil, do século 19.

Mais informações: Maurilane Biccas – msbiccas@usp.br


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