Mulheres escravizadas e suas “contraviagens” luso-atlânticas à Europa

Palestra na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas destaca as mobilidades marítimas de mulheres cativas para a Europa a partir das Américas

 30/03/2023 - Publicado há 1 ano     Atualizado: 11/04/2023 as 16:15
Mobilidades marítimas de mulheres escravizadas e libertas no mundo luso-atlântico é tema de palestra na FFLCH/USP – Arte Jornal da USP sobre foto de Marc Ferrez (Coleção Instituto Moreira Salles)/Public Domain Pictures

 

Nesta sexta-feira (31), a partir das 15 horas, no Edifício Eurípedes Simões de Paula da Geografia e História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP (Av. Prof. Lineu Prestes, 338 – Cidade Universitária – São Paulo), acontece a palestra gratuita Mulheres Marítimas? Navegando, gênero, escravidão e a liberdade na contra-viagem luso-atlântica, que será ministrada por Selina Patel Nascimento, docente do Departamento da História da Universidade de Lancaster, no Reino Unido.

Maria Helena Pereira Toledo Machado – Foto: FFLCH/USP

De acordo com a professora Maria Helena Pereira Toledo Machado, da FFLCH, responsável pelo encontro, a atenção historiográfica concentrou-se recentemente nas viagens do tráfico negreiro sentido oeste da África Ocidental – Novo Mundo, que eram fundamentais no processo de escravização para milhões de africanos. “Contudo, as minhas pesquisas revelaram constantes mobilidades marítimas cativas navegando para o leste em direção à Europa a partir das Américas”, destaca. Ela conceituou estas mobilidades marítimas como “contraviagens”.

A palestra, segundo Maria Helena, é uma tentativa de começar a teorizar a contra-história das contraviagens para formar uma futura ferramenta conceitual e analítica (a “contra-viagem”) que efetivamente utiliza as epistemologias do Atlântico Sul para uma aplicação mais ampla.

Selina Patel destacará em sua exposição dois casos que permitem analisar como a contraviagem foi particularmente transformadora nas vidas de mulheres escravizadas e libertas no mundo luso-atlântico, permitindo-lhes traçar cartografias alternativas da atividade diaspórica transimperial. “A contraviagem tem um significado muito importante na construção de uma diáspora africana e das identidades de mulheres negras”, descreve a professora Maria Helena.

Escravidão e gênero

A professora Selina Patel Nascimento defendeu seu doutorado sob o título Gender, Power, and Concubines in Ilhéus, Bahia, 1750-1831 na Universidade de Newcastle, Reino Unido, e foi orientada pela professora Diana Paton. Selina faz pesquisas sobre escravidão, gênero e concubinato no império português nos séculos 18 e 19.

Imagem: FFLCH/USP

 

A pesquisadora colabora com o Grupo de Pesquisa Gênero e Escravidão, coordenado por Maria Helena Machado. Ela também colaborou com o projeto Mothering in Slavery, do qual participaram, além de Maria Helena, as professoras Diana Paton (Universidade de Edinburgh), Emily West (Universidade de Reading) e Camillia Cowling (Universidade de Warwick), financiado pelo Arts and Humanities Research Council, do Reino Unido.

O encontro é gratuito e não há necessidade de inscrições prévias.

 

Mais informações: hmachado@usp.br


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