
No próximo sábado, dia 16 de março, às 10 horas, o indígena da etnia Pataxó Natan Kuparaka, que é graduado em Direito, fará uma narração em que contará ao público presente no Museu das Culturas Indígenas (MCI) o mito de origem de Txopay Itôhã, primeiro indígena a pisar na Terra.
O evento acontece na Programação de Contação de Histórias do MCI, que é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerida pela Associação Cultural de Apoio ao Museu Casa de Portinari, em parceria com o Instituto Maracá e o Conselho Indígena Aty Mirim.
De acordo com a mitologia de origem do povo Pataxó, após uma grande chuva, a última gota se transformou em Txopay, que ficou fascinado com a natureza e sua beleza. Personagem central da história, ele aprendeu a viver em harmonia com o ambiente e passou a caçar, plantar e pescar, respeitando a Mãe Natureza. Depois de um longo período, outra chuva deu origem ao restante da nação e Txopay, com toda sabedoria que possuía por ter nascido primeiro, ensinou seus irmãos a plantar, trabalhar e respeitar os recursos naturais.
“A importância da realização desse evento é falar sobre a cultura dos povos indígenas do nordeste, não deixar que sejam excluídos do ambiente de compartilhamento de histórias. Preservar a memória do povo pataxó, falar sobre a cosmogonia e garantir a presença das narrativas indígenas”, afirma Natan ao Jornal da USP.
Natan explica que a cosmovisão do povo Pataxó está ligada aos Encantados, entidades do mundo espiritual e protetores da natureza. Eles acreditam no Grande Espírito Niamissū, responsável por comunicar a vinda desta grande nação para a Terra, e em Txopay Itôhã, deus guerreiro da água. Muito ligados à chuva, os Pataxó celebram a Festa das Águas, um ritual que simboliza fartura e acontece em 05 de outubro, Dia de Txopay.
Atualmente, Natan Kuparaka é membro da União Plurinacional dos Estudantes Indígenas, organização que representa estudantes indígenas do Brasil e do exterior, com articulação para discutir pautas de permanência indígena no ensino superior. Ele faz parte do Serviço de Assistência Jurídico Universitária da Faculdade de Direito da USP, atuando na frente Tuira, voltada para defesa e assistência de povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos. E também participa do Levante Indígena da USP e da Rede de Atenção à Pessoa Indígena do Instituto de Psicologia, responsável pela saúde mental indígena.
O encontro é gratuito e ocorrerá no Museu das Culturas Indígenas. Para participar, é necessário adquirir ingressos no site da instituição.
*Estagiária sob a supervisão de Antonio Carlos Quinto