Evento na USP busca apresentar as pesquisas que têm sido realizadas na Universidade, com foco em trazer melhorias para a população com síndrome de Down - Fotomontagem: Jornal da USP - Fotos: Pexels, Freepik e Wikimedia Commons

Encontro internacional marca o início de uma Rede Brasileira de Pesquisa em Síndrome de Down

Evento na USP apresenta pesquisas em andamento e discute a criação de um programa escolar para indivíduos com deficiências intelectuais, além de um observatório de pessoas com síndrome de Down

 20/03/2023 - Publicado há 1 ano

Texto: Camilly Rosaboni
Arte: Carolina Borin Garcia

A Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI) da USP, em parceria com a instituição Alana, realizará o workshop Síndrome de Down com foco em pesquisas científicas e inclusão. O encontro acontecerá neste dia 21 de março, Dia Internacional da Síndrome de Down, na Faculdade de Medicina (FM) da USP. Para participar, é necessário se inscrever pelo formulário.

O objetivo do evento é apresentar as pesquisas que têm sido realizadas na USP, com foco em promover melhorias para a população com síndrome de Down. De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD), a cada 700 nascimentos no Brasil ocorre um caso de trissomia 21 – alteração genética causada pela presença de uma terceira cópia do cromossomo 21 em todas as células do organismo. No total, há em torno de 300 mil pessoas com síndrome de Down no País. No mundo, a incidência estimada é de um em mil nascidos vivos.

“É um evento para mostrar o que está acontecendo hoje no ambiente científico no Brasil, discutindo amplamente o que pode ser feito para levar desenvolvimentos tangíveis para a vida real das pessoas com síndrome de Down”, conta Orestes Forlenza, chefe do Departamento de Psiquiatria da FM.

Projetos futuros

O evento marca o início das discussões para a criação de uma Rede Brasileira de Pesquisa em Síndrome de Down. “Ou seja, promover uma sinergia para unir  pesquisadores e criar projetos mais ambiciosos e competitivos, em âmbito internacional”, afirma Forlenza. 

O médico conta que, com a formação desse núcleo brasileiro de pesquisa, busca-se desenvolver um observatório de pessoas com síndrome de Down. “Assim, poderemos analisar mais profundamente onde elas estão, quais são suas demandas e qual é o seu nível de acesso à atenção especializada nas diferentes fases da vida”, explica Forlenza. “Pretendemos construir um mapa que mostre a diversidade e carências dessa população no Brasil”, completa.  

Além disso, o encontro discutirá sobre a criação do Programa Escolar na USP, para que mais indivíduos com deficiências intelectuais leves possam frequentar o ensino superior, a partir do desenvolvimento de suas habilidades e competências. De acordo com Forlenza, esses projetos servirão para a USP se tornar referência em pesquisa de síndrome de Down em nível internacional. 

Orestes Vicente Forlenza - Foto: HCFMUSP

Envelhecimento e síndrome de Down

Quando essa população se aproxima da faixa etária dos 40 anos, ela pode ter alterações biológicas e consequentemente comportamentais que espelham a progressão da doença de Alzheimer - Foto: Unsplash/Nathan Anderson

“Quando essa população se aproxima da faixa etária dos 40 anos, ela pode ter alterações biológicas e consequentemente comportamentais que espelham a progressão da doença de Alzheimer”, explica Forlenza. Desse modo, o workshop vai contar com debates específicos sobre o envelhecimento, ressaltando cuidados especiais para esse grupo e as possibilidades de desenvolvimento de doenças cognitivas.

Parte do conhecimento que já se tem sobre a trissomia 21 vem da experiência do Instituto de Psiquiatria da FM, por meio do Ambulatório de Psicogeriatria. O local oferece atendimentos especializados para diagnóstico, tratamento e reabilitação de indivíduos a partir de 60 anos, com desordens neuropsíquicas. “Trata-se de um ambulatório multidisciplinar que direciona uma atenção integral às pessoas com síndrome de Down, sendo adultos e idosos”, conta Forlenza. 

“O local também é utilizado para responder a perguntas como: por que eles desenvolvem doença de Alzheimer e outras formas de deterioração intelectual? Como promover a saúde dessas pessoas? E como identificar situações clínicas que possam ser modificadas com tratamento e estimulação? Isso eventualmente poderá ocasionar um envelhecimento mais saudável”, complementa o professor. 

Programação

O evento começa às 7 horas, com a sessão de abertura. Às 8h30, acontece a primeira conferência, com o tema Advocacia na síndrome de Down: divulgação e benefícios para as partes interessadas, com a presidente da Alana, Ana Lúcia Villela, e o empreendedor social e diretor executivo da Alana, Marcos Nisti. 

Mais tarde, às 8h50, começa a segunda conferência, com a discussão Promovendo saúde, autonomia e inclusão social na síndrome de Down, com Emille Mariana Bernal Cavalheiro, pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e integrante do Instituto Jô Clemente (IJC), uma organização sem fins lucrativos que auxilia a promoção de saúde a pessoas com deficiência intelectual.

Às 9h10, se inicia a conferência Visão geral da pesquisa atual em síndrome de Down: desafios e perspectivas, com Emily Niederst, pesquisadora em Ciências Cognitivas da Alana. Às 10 horas, o evento tem continuidade com o simpósio Genética, neurodesenvolvimento e homeostase cerebral, em que quatro pesquisadoras vão desenvolver temas específicos sobre a síndrome de Down.

Erika Cristina Pavarino, geneticista da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), inicia o simpósio discutindo sobre Trissomia do cromossomo 21: aspectos genéticos e moleculares. Depois, Bruna Zampieri, pesquisadora de neurociência do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), abordará Modelos neurais derivados de iPSC humanos para estudar a síndrome de Down

Em seguida, Daniele de Paula Faria, pesquisadora na área de imagem molecular e radiofarmácia, com foco principal na área de neurociências do HCFM, vai tratar das Alterações neuroinflamatórias em camundongos Ts65Dn. Por fim, Susan Pereira Ribeiro, pesquisadora da FM, encerra o primeiro simpósio com o tema Abordagens multiômicas para dissecar a inflamação e os sinais associados às comorbidades da síndrome de Down: um caminho para intervenções

Às 11h30, o evento tem continuidade com a quarta conferência, de tema Epidemiologia da síndrome de Down no Brasil: construindo um observatório de necessidades e acesso a cuidados especializados, com Luciane Covolan, doutora em Ciências Médicas pela Unifesp, juntamente com Gabriela Arantes Vagner, professora do Departamento de Medicina Preventiva e orientadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Unifesp, ambas integrantes do IJC. 

Às 14 horas, acontece o segundo simpósio, tratando de Envelhecimento na síndrome de Down. Monica Sanches Yassuda, professora e orientadora do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, com especialidade em Psicologia do Envelhecimento, vai falar do tema Construindo reserva cognitiva: desafios na síndrome de Down.

Depois, Luciana Mascarenhas Fonseca, doutora em Ciências pela Psiquiatria no HCFM, propõe a reflexão sobre Variabilidade cognitiva intraindividual em idosos com síndrome de Down. Na sequência, Mateus Aranha, pesquisador em Radiologia da FM, com formação complementar em Neurorradiologia e Neuroimagem molecular, vai tratar da Demência na síndrome de Down: achados clínicos e de imagem

Finalizando o segundo simpósio, Henrik Zetterberg, professor do Instituto de Neurociência e Psicologia da Universidade de Gothenburg, nos Estados Unidos, discute sobre Biomarcadores relacionados à doença de Alzheimer na síndrome de Down.

Às 16 horas, acontece uma mesa-redonda com a temática Perspectivas futuras das pesquisas e políticas de síndrome de Down na USP. O debate contará com duas questões iniciais para discussão: 1. Como a USP pode facilitar a inclusão de pessoas com síndrome de Down em sua comunidade acadêmica, utilizando processos seletivos e currículos específicos? e 2. Como a USP pode promover pesquisas intra e extramuros de alto nível em síndrome de Down?. 

Com informações da Assessoria de Comunicação da FMUSP

Mais informações: imprensa@fm.usp.br 


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