Desigualdades em centros e periferias refletem problemas da pandemia de covid-19

Livro desenvolvido com o apoio da USP analisa o papel dos agrupamentos urbanos no fortalecimento das desigualdades sociais e no acesso aos direitos; evento no IEA reúne autores e discute aspectos da obra

 28/11/2022 - Publicado há 1 ano
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Direito à Cidade e Direito à Vida: Perspectivas Críticas Sobre o Urbano na Contemporaneidade está disponível no Portal de Livros Abertos da USP – Imagem: reprodução

 

O Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP promove o evento Direito à Cidade e Direito à Vida: Perspectivas Críticas Sobre o Urbano na Contemporaneidade, para debater sobre o livro de mesmo nome, realizado por pesquisadores da USP e de outras universidades brasileiras. O evento, organizado pelo Grupo de Estudos Teoria Urbana Crítica do IEA, ocorre nesta terça-feira, 29 de novembro, das 8h30 às 18h30, em modalidade híbrida. Para participar presencialmente, é necessário se inscrever pelo link. O evento também será transmitido neste link

A obra é resultado de  um trabalho coletivo , coordenado pelas autoras Ana Fani, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), e Cibele Rizek, do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da USP de São Carlos. O livro está disponível no Portal de Livros Abertos da USP, neste link.

Ana Fani é professora da USP e uma autoridade brasileira em geografia urbana. Venceu o Prêmio Internacional de Geocrítica, um dos mais importantes da área – Foto: arquivo pessoal

A produção que contém 10 capítulos e analisa a crise urbana brasileira que parte da desigualdade social entre centros e periferias, reproduzindo-se e ganhando novas proporções com a pandemia. Existia modos diferenciados de viver a pandemia em função dos direitos que cada parcela da população tinha em relação à cidade”, explica Ana, citando como exemplo o fato de trabalhadores periféricos não vivenciarem devidamente a quarentena e somarem mais mortes por covid-19. 

A explicação da autora pode ser vista na matéria do portal de notícias G1, que expõe a possibilidade três vezes maior de moradores da periferia morrerem por covid-19, se comparados às pessoas de bairros mais ricos. Segundo o levantamento, isso pode ser resultado da dificuldade em se manter o distanciamento social, bem como a menor estrutura para ficar em casa, realizando atividades diárias como trabalhar.  

Em entrevista ao Jornal da USP, Ana explica que seu livro, em parceria com Cibele, busca “entender essa cidade desigual como fonte de privação da vida”. A autora salienta também a necessidade de se produzir ações que revertam esse cenário de desigualdade de forma vitalícia. “Políticas públicas como estratégia de superação dessa situação de privação que se vive na cidade são importantes e necessárias, mas elas se prendem a um presente”, observa Ana. “As políticas públicas resolvem situações emergenciais, mas no longo prazo a desigualdade só se aprofunda”, complementa.

Além disso, Ana defende o estímulo a esses debates na Universidade, ressaltando o papel do IEA em organizar essas ações. “O apoio do IEA é absolutamente fundamental para que esse debate se realize, sendo não só o lugar do debate interdisciplinar, mas também de várias correntes de pensamento da Universidade”, afirma a autora. “Este é o grande papel da Universidade: apresentar as várias leituras sobre a nossa realidade. É no debate e na articulação dessas diferenças que nós podemos construir uma nova sociedade”, complementa.

Programação

Cada pesquisador vai apresentar uma síntese do texto que produziu para o livro. Entre os temas a serem discutidos, estão: a necropolítica, o neoliberalismo como um projeto autoritário de governo, políticas desiguais do Estado, a fragmentação do espaço metropolitano, as classes sociais e o direito à vida. 

Às 8h30, a abertura do evento se dá com as falas de  Guilherme Ary Plonski, diretor do IEA, Cibele Rizek e Ana Fani. Em seguida, os pesquisadores trazem aspectos do livro. Entre eles, Danilo Volochko, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Gustavo Prieto, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), César Simoni Santos e Glória Alves, ambos do IEA, e Jorge Barbosa, da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Após o almoço, será a vez de mais pesquisadores participarem do evento. Entre eles, Paolo Colosso, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Isabel Alvarez, do IEA, Luiz Recamán, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, e Flávio Roberto, da Faculdade de Direito (FD) da USP. Por fim, Colosso, Cibele e Ana encerram o evento. Junto a eles, estarão Paulo Pereira, da FAU, e Ruy Braga, da FFLCH.


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