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Encontro no IEA/USP discute impactos e desafios da pandemia ainda enfrentados pelas comunidades e jovens - Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Desafios impostos pela pandemia de covid-19 ainda estão presentes nas grandes cidades
Encontro no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP reunirá especialistas brasileiros e do exterior que irão analisar os impactos, ainda atuais, da pandemia
Texto: Redação
Arte: Carolina Borin Garcia
O evento, denominado Adaptability of Vulnerable Communities and Youth in Post-Pandemic Cities (Adaptabilidade de Comunidades Vulneráveis e Jovens em Cidades Pós-Pandemia), terá lugar na sede do IEA e será organizado em dois painéis de discussões (veja quadro abaixo), com a participação dos pesquisadores internacionais convidados, e sob a mediação de cientistas que compõem grupos temáticos do IEA.
Os pesquisadores irão debater os desafios que a pandemia da covid-19 tem promovido à vida nas grandes cidades, com foco nas estratégias de adaptação protagonizadas por crianças, jovens e comunidades que vivem em contextos de vulnerabilidade urbana.
Imagem: Divulgação
Potencial criativo local
De acordo com Leandro Luiz Giatti, professor associado no Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, membro do Grupo de Pesquisa Meio Ambiente e Sociedade do IEA e um dos coordenadores do encontro, os pesquisadores têm visto com interesse o potencial de criação e, ocasionalmente, a possibilidade de diálogo de cima para baixo. “Ou seja, práticas sociais para lidar com crises que podem, inclusive, dialogar ou se acoplar a políticas públicas e programas assistenciais”, diz.
“Para o caso dos jovens investigados no Brasil, temos verificado que muitas estratégias emergentes diante dos prejuízos da pandemia se articularam também diante de possibilidades e capital social local, digamos, na interação com redes assistenciais locais e determinadas políticas/equipamentos públicos”, descreve o docente.
Assim, comunidades vulneráveis que possuíam, por exemplo, iniciativas sociais como ONGs dedicadas aos jovens, contribuíram para esse potencial criativo local. Giatti conta que, num dos locais estudados, o complexo de Paraisópolis, “a iniciativa dos ‘presidentes de rua’ envolveu também jovens e colaborou bastante para a proteção das famílias, assistência à saúde [no caso de infecções e sintomas graves] e no acesso a alimentos”.
A ausência de escola nos períodos mais graves da pandemia dificultou conjuntamente o acesso à educação, como lembra o pesquisador. “O ensino on-line, como sabemos, foi muito dificultoso para os mais pobres e para as escolas públicas, mas a questão determinante do acesso à internet e da disponibilidade de dispositivos eletrônicos foi condicionada de modo diferenciado entre os moradores de comunidades pobres urbanas, por exemplo”, descreve Giatti.
De acordo com o pesquisador, o processo de investigações sobre as consequências e desafios impostos pela covid-19 ainda prossegue. Mas, agora, numa fase de aprofundamento na investigação participativa em algumas comunidades periféricas urbanas. Giatti destaca que, a partir desse encontro, poderão se ampliar colaborações de pesquisa, diálogos e melhores bases para prosseguir na pesquisa participativa sobre o tema (envolvendo jovens e instituições). “Poderemos repensar formas de produção da pesquisa direcionando resultados para a sociedade. Isto é, repensar a coprodução a partir da pesquisa [produtos em conjunto com jovens e instituições] e outras formas de difusão científica além das publicações acadêmicas.”
PANEX
Em relação ao projeto PANEX, Giatti, que é um dos participantes, conta que já havia uma boa interação e cooperação internacional com a Universidade de Birmingham, no Reino Unido, tendo experiência com estudos envolvendo jovens periféricos urbanos, insustentabilidade e riscos de desastres/mudanças climáticas.
Quando surgiu a chamada internacional liderada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) (https://fapesp.br/14817/trans-atlantic-platform-t-ap-recovery-renewal-and-resilience-in-a-post-pandemic-world-rrr-call-for-proposals-2021), os pesquisadores utilizaram esta colaboração como oportunidade para montar o consórcio internacional com a proposta, que também envolveu a University College London (também no Reino Unido) e Universidade de Free State (África do Sul).
Programação
O primeiro painel terá como enfoque os aprendizados que o enfrentamento à pandemia trouxe para refletir sobre o planejamento urbano, pautando-se especialmente em estratégias de adaptação e práticas de urbanismo temporário adotadas por jovens em situação de vulnerabilidade urbana e suas comunidades.
Já o segundo painel discutirá o papel das pesquisas interdisciplinares para refletir sobre a saúde e o bem-estar dessas populações vulneráveis considerando o contexto pós-pandêmico. Os encontros estão sob a coordenação dos professores Leandro Luiz Giatti, da Faculdade de Saúde Pública (FSP-IEA/USP) e Luciana Maciel Bizzotto (FSP-USP).
O encontro terá lugar na Sala Alfredo Bosi do IEA, que fica na Rua da Praça do Relógio, 109, Cidade Universitária, São Paulo. A programação será das 14h às 17h30 e haverá transmissão ao vivo pelo site do IEA. O evento será em inglês e sem tradução.
Confira os encontros:
14 horas – Aprender com a covid-19 e planejar cidades no pós-pandemia: agência jovem e comunidades vulneráveis
Exposição:
Abraham Matamanda (Universidade do Estado Livre)
Lauren Andres (University College London)
Stuart Paul Denoon-Stevens (Nottingham Trent University)
Moderação: Gabriela Marques Di Giulio (FSP-IEA/USP)
15h30 – Intervalo
15h45 – A pesquisa interdisciplinar sobre saúde e bem-estar de crianças e comunidades vulneráveis em cidades no pós-pandemia
Exposição:
Susanne Boerner (Universidade de Birmingham)
Paul Moawad (University College London)
Peter Kraftl (Universidade de Birmingham)
Lochner Marais (Universidade do Estado Livre)
Moderação: Marcos Buckeridge (IB-IEA/USP)
17h30 – Encerramento
Com informações de Sandra Sedini, do IEA
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