
O Coletivo Intertransvestigênere Xica Manicongo quer dialogar com os novos estudantes trans da USP e conhecer as demandas que eles trazem para o ambiente acadêmico. Para isso, o movimento pretende mapear os perfis dos ingressantes a partir das respostas do público a um questionário, disponível neste link.
O objetivo é apurar quantas pessoas trans e travestis estão presentes na USP, quais os cursos e institutos de maior admissão e o nível de acesso aos programas de pós-graduação. A partir das estatísticas elaboradas e dos depoimentos coletados, será possível traçar ações mais relevantes e efetivas para o acolhimento desse grupo no espaço da Universidade.
O questionário também contempla perguntas sobre raça/cor, idade e estado de origem, a fim de aprofundar a temática com abordagens interseccionais. Os dados são sigilosos e poderão ser utilizados publicamente pelo movimento, sem exposição dos participantes. Não é necessário informar o nome.
A busca por dados mais precisos e consolidados sobre o ingresso, a inclusão e a permanência da comunidade trans na USP é uma movimentação antiga do coletivo. Em 2021, uma parceria entre docentes e estudantes da entidade deu origem ao projeto de pesquisa Corpas Trans na USP. A proposta do grupo é pesquisar a fundo as vivências da população trans e elaborar ações de enfrentamento à transfobia na educação superior, sob a perspectiva da própria comunidade
Fundado em 2020, o Coletivo Xica Manicongo é composto pela comunidade transsexual, ou seja, pessoas que não se identificam com o gênero atribuído a elas ao nascerem. O nome da entidade é uma homenagem à primeira travesti não indígena do Brasil. Trazida do Congo durante o século 16 para ser escravizada em Salvador, Xica teve sua transgeneridade reconhecida por historiadores apenas na década de 2000, após iniciativa da ativista travesti e negra Majorie Marchi.