Ventos olímpicos chegaram cedo ao Brasil

Conceito de esporte como forma de educação já era observado no País no início do século 20

 29/07/2016 - Publicado há 8 anos     Atualizado: 20/06/2018 as 10:50
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Foto: Reprodução / Revista USP n.108
Foto: Reprodução / Revista USP n.108

Os valores pregados pelo Movimento Olímpico Internacional, a partir do final do século 19 – que consideravam o esporte como “uma poderosa ferramenta para intervir na formação da juventude” – chegaram ao Brasil antes mesmo de o País se dar conta da dimensão dos jogos olímpicos. No início do século 20, as primeiras Olimpíadas eram divulgadas muito brevemente pelos jornais brasileiros e o termo “jogos olímpicos” era bastante difuso, podendo referir-se a grandes feitos no campo político ou mesmo a espetáculos circenses. Mas o conceito do esporte como ferramenta de formação educativa e cidadã já era observado e desejado no País.

É o que afirmam os professores Victor Andrade de Melo e Fabio de Faria Peres, respectivamente coordenador e pesquisador do Laboratório de Pesquisas do Esporte e do Lazer da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que assinam o artigo Primeiros ventos olímpicos em terras tupiniquins. No artigo, eles detalham os primeiros passos do esporte olímpico no Brasil e as intenções dos responsáveis por sua dispersão no território nacional.

Com o tempo, a cobertura jornalística e o interesse da população por esportes e competições esportivas se intensificaram. Victor Melo e Fabio Peres detalham essa gradual evolução da importância dada aos jogos olímpicos no Brasil. Eles destacam, por exemplo, a primeira delegação olímpica do País, nos jogos de Antuérpia, em 1920, que conquistou medalhas nas modalidades de tiro (reforçando a importância das instituições militares da época), e lembram os primeiros eventos esportivos de grande porte realizados no Brasil, em 1922, parte destacada das celebrações dos cem anos de independência do País. Na ocasião, foram promovidos campeonatos internacionais de algumas modalidades – incluindo o sul-americano de futebol –, competições militares e ainda os jogos atléticos latino-americanos. O ano, como explicita o texto, foi marcado por agitações em diversos âmbitos, das artes à política, como a fundação do Partido Comunista, tumultuadas eleições presidenciais e a Semana de Arte Moderna. Por isso, os eventos tiveram o objetivo de “projetar internacional e nacionalmente a ideia de que o Brasil era um país pacífico, ordeiro, unido e moderno”.

De acordo com os autores, esses eventos – que constituíram a primeira oportunidade para a população brasileira “acompanhar mais amiúde o que era proposto pelo Movimento Olímpico” – foram importantes para o Movimento Olímpico Internacional e “sem dúvida trouxeram alguma projeção à imagem do País. Porém, também deixaram claras as deficiências nacionais”.

Tanto as motivações quanto os problemas envolvidos na realização da Olimpíada do Rio de Janeiro de 2016 são muito semelhantes aos das competições esportivas da celebração da Independência, quase um século atrás, escrevem os autores, que questionam: “Será que aprendemos com a história de 1922 e a experiência de outros países?”.

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