Simpósio lembra os 100 anos da Internacional Comunista

Com pesquisadores do Brasil e do exterior, evento acontece a partir desta quarta-feira, na Cidade Universitária

 14/10/2019 - Publicado há 4 anos
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Detalhe de propaganda da Internacional Comunista feita pelo Partido Comunista da União Soviética em 1919 – Foto: Divulgação / FFLCH

“A Internacional Comunista era o ponto de clivagem da política mundial na primeira metade do século 20”, afirma o professor Osvaldo Coggiola, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, organizador do Simpósio Internacional: 100 Anos da Internacional Comunista (1919-2019). O evento acontecerá nesta semana, de 16 a 18 de outubro, nos auditórios da FFLCH, na Cidade Universitária, em São Paulo.

Para Coggiola, que estuda história contemporânea relacionada a temas como marxismo, capitalismo e América Latina, é uma pena que a data não esteja sendo amplamente debatida ao redor do mundo. “O caráter polêmico da Internacional fez com que ela não fosse muito lembrada em outros lugares neste centésimo aniversário, apesar de sua importância para a compreensão dos acontecimentos na história recente.”

Com a falta de outros eventos do tipo, o simpósio organizado por Coggiola se destaca por ser o maior e mais completo evento sobre o assunto no País e na América Latina. Com 56 mesas em apenas três dias, foi necessário organizar algumas no mesmo horário, porém em auditórios diferentes. 

O simpósio começa às 9 horas desta quarta-feira, dia 16, com quatro debates. No Anfiteatro de História, Coggiola fará um apanhado histórico sobre Internacional Comunista, Revolução Russa e Terceira Internacional. No Anfiteatro de Geografia, os professores José Salles, Augusto Bonicuore, Sofia Manzano, Lucca Maldonado e Frederico Falcão falarão sobre o Partido Comunista na história do Brasil. 

O professor Osvaldo Coggiola, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, organizador do simpósio – Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Para tratar do tema  Internacional Comunista e Revolução Latino-Americana estarão presentes, no Auditório Milton Santos, Deni Rubbo, Yuri Martins Fontes, Claudia Romero, Mariano Schlez e Paulo Alves Junior. No entanto, o maior destaque dessa sequência de mesas será a comandada pelo sociólogo alemão Bernhard Bayerlein, no Auditório Nicolau Sevcenko. Ele, que é o principal especialista sobre o assunto no mundo, falará sobre os arquivos e o estudo da Internacional Comunista.

Bayerlein ainda participará de outras três mesas: A Internacional Comunista entre Lênin e Stalin, Willi Münzenberg, a Comintern e a Liga Anti-Imperialista e A Internacional Comunista e o Socorro Operário Internacional. “É uma ocasião muito rara juntar todos esses pensadores para debater aqui, principalmente diante do fato de que ninguém está lembrando dessa data”, ressalta Coggiola. 

“O Brasil tem um descompasso muito grande com relação a toda a pesquisa e avanço histórico no que diz respeito à história da esquerda e do comunismo”, diz o professor, que ao organizar o simpósio tenta preencher um pouco esse vazio. Para isso, o evento contará com mesas que tratam da influência da Internacional Comunista nos mais diversos lugares do mundo, desde o Brasil e América Latina até a China e países árabes. 

Coggiola ressalta que o simpósio tem o objetivo de mostrar como as pesquisas sobre o tema progrediram nos últimos anos e, de certa forma, contrapor as pessoas que dizem que não se deve mais estudar o que deixou de existir. São essas pesquisas também que ajudam a entender a história do Brasil, e como recentemente o conceito de comunismo é utilizado de modo equivocado. “Haverá debates sobre a atualidade, mas isso será a ‘cereja do bolo’. O debate histórico é mais importante para nós”, diz Coggiola.

100 anos atrás

Organização fundada em março de 1919 pelo revolucionário russo Vladimir Lenin (1870-1924), a Internacional Comunista, criada logo após a Revolução Russa de 1917, tinha o objetivo de promover a união mundial de repúblicas comunistas, sob a liderança do Partido Comunista da União Soviética. Ela foi, na verdade, a terceira Internacional. A primeira aconteceu em 1864, mas não ganhou muita importância. A segunda, também conhecida como Internacional Socialista, ocorreu em 1889 e tinha como principal bandeira ser um movimento contra a guerra, até a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914.

O nome da Internacional mudou de socialista para comunista a fim de ser mais enfática. Enquanto a segunda visava a incluir outros países que não defendiam uma ideologia essencialmente marxista, a Internacional de 1919 decidiu assumir seu caráter revolucionário diante de um mundo que tinha entrado em outra era histórica. No entanto, em 1943, o movimento foi dissolvido por Stalin como um gesto de boa-fé para tranquilizar os aliados ocidentais em plena Segunda Guerra Mundial.

O Simpósio Internacional: 100 anos da Internacional Comunista (1919-2019) acontece nos dias 16, 17 e 18 de outubro, das 9h às 19h30, nos auditórios da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP (Avenida Prof. Lineu Prestes, 338, Cidade Universitária, em São Paulo). A entrada é gratuita. Será emitido certificado de frequência para quem fizer inscrição neste formulário. A programação completa do evento e mais informações estão disponíveis no site do evento.


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