Seminário lembra a obra da museóloga Waldisa Rússio

Legado da pioneira da museologia no Brasil será abordado em três encontros nesta semana

 24/05/2021 - Publicado há 3 anos
Por

 

Waldisa Rússio foi pioneira nos estudos em museologia no Brasil – Foto: Reprodução

 

Nascida na capital paulista, Waldisa Rússio (1935-1990) foi professora e museóloga, reconhecida como uma das pioneiras no desenvolvimento do pensamento teórico da museologia e na sua consolidação como uma área das ciências humanas. Sua trajetória será o tema de seminário gratuito promovido nesta semana pelo Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP, nesta terça, quarta e quinta-feira (dias 25, 26 e 27), das 14 às 16 horas, com transmissão pelo canal do IEB no Facebook. A coordenação do evento é da professora Viviane Sarraf, que coordena também o projeto Jovem Pesquisador – voltado para o estudo do acervo de Waldisa, guardado no IEB.

Waldisa Rússio – Foto: Reprodução

Waldisa se formou na Faculdade de Direito da USP, mas foi na área museológica que iniciou sua carreira, quando integrou o quadro funcional da administração pública do Estado de São Paulo, na então Secretaria de Cultura, Esportes e Turismo. Participou da criação e estruturação do Museu de Arte Sacra (1969), do Museu da Casa Brasileira (1970), do Museu da Imagem e do Som (1970) e da Casa Guilherme de Almeida (1979). “Ainda no final dos anos 60, Waldisa assumiu a responsabilidade de fazer a reforma administrativa dos museus”, conta Viviane. Entre eles, relata, estava o Museu da Casa Brasileira, o primeiro em que Waldisa fez essa reforma, que incluiu um estudo detalhado do acervo e uma política para ampliar o enfoque do museu. “Posteriormente, ela criou também, ainda nos anos 70, um grupo técnico de museus formado por profissionais de diversas áreas que atuavam como pesquisadores e que auxiliavam museus do Estado de São Paulo a repensar sua atuação, propor um diálogo maior com a comunidade e profissionalizar sua gestão e seus métodos”, completa.

A professora Viviane Sarraf – Foto: Arquivo pessoal

Em 1978, Waldisa fundou o Museu da Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia, um projeto novo de uma secretaria nova também, que levava o mesmo nome e que acabara de ser criada em São Paulo. “Foi um projeto revolucionário, já que o museu não tinha sede própria. A proposta era que indústrias, fábricas e estabelecimentos comerciais de São Paulo, por sua história e pioneirismo, configurassem polos museológicos”, comenta Viviane. Nesse mesmo período, Waldisa deu início a um curso de pós-graduação em Museologia através de um convênio entre o Museu de Arte de São Paulo (Masp) e a Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. “O curso começou em 1978 e formou grande parte de museólogos e profissionais de museus de São Paulo”, informa Viviane, contando que o curso permaneceu até a morte prematura de Waldisa, em 1990, aos 54 anos, estendendo-se apenas por mais seis anos.

Entre a atuação profissional e docente, Waldisa ainda integrou o Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Museus (Icom) e foi membro do Comitê Internacional de Museologia do Conselho Internacional de Museus (Icofom), tornando-se a primeira brasileira a publicar textos teóricos sobre museologia. “No final dos anos 70, Waldisa, ao lado de estudiosos de várias partes do mundo, defendeu o reconhecimento da museologia como uma disciplina científica, como uma ciência humana”, destaca Viviane. 

Além das mesas-redondas, programação prevê conferência e oficina educativa sobre o trabalho de Waldisa Rússio – Arte: IEB

 

Professora e museóloga

O seminário que acontece nesta semana vai refletir sobre as contribuições da museóloga para os museus e para a museologia, além de comemorar os 50 anos do Museu da Casa Brasileira.

O evento será formado de três mesas-redondas. O primeiro encontro, nesta terça-feira, dia 25, vai abordar as contribuições da Waldisa para os museus do Estado de São Paulo e como o grupo técnico auxiliou esses museus estaduais. A coordenadora destaca que os participantes da mesa são os gestores atuais desses museus: Wilton Guerra (Museu da Casa Brasileira), Marcelo Tápia Fernandes (Casa Guilherme de Almeida), Beatriz Augusta da Cruz (Museu de Arte Sacra) e Renata Motta (presidente do Icom-Brasil).

A segunda mesa, nesta quarta-feira, dia 26, tem como tema Formação e Pesquisa em Museus, e reunirá as professoras Maria Cristina Bruno, do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP, Heloísa Barbuy, do Museu Paulista da USP, e Priscila Arigoni, coordenadora do curso de Museologia da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), que vão comentar sobre a contribuição de Waldisa para a docência e a pesquisa.

Na última mesa, nesta quinta-feira, dia 27, estará em debate a questão da acessibilidade nos museus. Como destaca a coordenadora Viviane Sarraf, Waldisa foi pioneira em implementar ações de acessibilidade em museus brasileiros. A mesa contará com a participação de Amanda Tojal (Arteinclusão), Pedro Federsoni (Museu do Instituto Adolfo Lutz) e Carlos Barmak (educador que atuou no Museu da Casa Brasileira).

Integrando a programação do IEB, a professora destaca ainda que, na sexta-feira, dia 28, às 14 horas, na página do projeto Waldisa Rússio no Facebook, será apresentada a conferência gravada Pioneirismo de Waldisa na Preservação do Patrimônio e Docência no Brasil, com o professor italiano Gael de Guichen, além de depoimentos de pessoas que conviveram com a museóloga: Nayte Vitiello, museóloga do Museu do Instituto Biológico e ex-aluna do Curso de Especialização em Museologia da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, e Fábio Soares, filho da secretária de Waldisa no Museu da Indústria, que quando criança atuou como monitor mirim das exposições. Será exibido ainda um depoimento conjunto de Tania e Miriam Camargo Guarnieiri, filhas do maestro Camargo Guarnieri e sobrinhas de Waldisa, que relatam suas memórias. Por fim, no sábado, dia 29, das 10 às 12 horas, acontece uma oficina educativa com Sofia Novaes, bolsista do projeto Jovem Pesquisador, via zoom, com inscrições gratuitas, no site do Museu da Casa Brasileira.

O seminário Contribuições de Waldisa Rússio para os Museus e para a Museologia – Homenagem aos 50 Anos do Museu da Casa Brasileira acontece nesta terça, quarta e quinta-feira (dias 25, 26 e 27), das 14 às 16 horas, com transmissão ao vivo pelo canal do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) no Facebook. O evento é grátis, sem necessidade de inscrição.


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.